Durante a safra, os produtores enfrentam vários desafios, entre os quais os fungos da soja. Existem diversos patógenos identificados, e o impacto das doenças na lavoura pode ser severo, afetando a produtividade e a qualidade das sementes.
Por isso, os sojicultores devem adotar estratégias eficazes de prevenção e controle da incidência desses organismos na cultura.
Continue a leitura para conhecer os sintomas, saber identificar os principais fungos da soja, os fatores de propagação e como conter as pragas!
Principais fungos da soja
Para que os fungos da soja possam ser combatidos, primeiro é importante conhecer os sintomas e saber identificá-los. Portanto, confira na sequência quais são os principais patógenos e os sinais que eles apresentam, de acordo com o Guia de Identificação de Doenças de Soja, da Embrapa.
Antracnose (Colletotrichum truncatum)
A antracnose na soja é uma doença fúngica que afeta o início da formação das vagens, principalmente na região do cerrado brasileiro. O uso de sementes infectadas e a alta incidência de chuvas contribuem para o surgimento da praga.
Entre os sintomas estão a possível morte de plântulas e a aparição de manchas negras nas nervuras de folhas, hastes e vagens. Se houver atraso na colheita, pode haver perda total ou deterioração de sementes.
A antracnose é caracterizada pelas manchas negras na planta.
Cancro da haste (Diaporthe aspalathi e D. caulivora)
O cancro geralmente se manifesta na região compreendida entre o primeiro e o quinto nó da haste, área de maior crescimento da planta. Os sintomas iniciais incluem pequenas lesões nas folhas ou nos caules, que se tornam escurecidas e deprimidas.
Em alguns casos, a presença de um círculo branco ou amarelo-claro ao redor da lesão escura pode ser observada. À medida que se desenvolve, a parte central pode se romper e a superfície exposta se torna castanho-avermelhada ou acinzentada.
Quando o cancro se instala na haste, pode se espalhar até o caule principal da planta. Conforme a estrutura seca, os cortes transversais mostram um anel escurecido no interior, circundado por uma estreita faixa branca de tecido saudável e, externamente, uma camada lenhosa castanho-clara.
O desenvolvimento da doença ocorre em condições de alta umidade, por isso é mais comum em períodos prolongados de chuva.
Crestamento foliar de Cercospora (Cercospora kikuchii)
O crestamento foliar de Cercospora é uma doença fúngica que afeta as folhas da soja. As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença incluem, principalmente, temperaturas entre 23°C e 27°C e alta umidade relativa do ar.
Em relação aos sintomas, primeiramente aparecem pequenas manchas circulares marrons na face superior das folhas. Com a evolução da doença, os pontos se juntam, formando lesões de forma irregular, com centro necrosado e margem mais escura.
As lesões podem se estender até as nervuras da folha. Além disso, quando há infecção severa em plantas jovens, pode ocorrer a queda prematura das folhas em quantidade significativa, prejudicando o desenvolvimento e afetando a produção da lavoura de soja.
Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi)
A ferrugem asiática da soja é uma doença propensa a se desenvolver em locais úmidos e quentes. Os esporos são disseminados pelo vento ou por meio de sementes, equipamentos ou plantas hospedeiras com o fungo.
A doença é marcada pelos seguintes sintomas:
- Pequenas manchas amarelas em folhas inferiores ou hastes.
- Coloração castanha no centro, após alguns dias.
- Formação de urédias (como verrugas) de até 5 mm de diâmetro.
- Abertura de poros e liberação de uredósporos (massa pulverulenta alaranjada).
- Aumento das lesões e tonalidade castanho-clara ou avermelhada.
- Quando atinge as vagens, provoca má formação e perda de massa.
- Queda de folhas e morte da planta em casos mais graves.
A ferrugem asiática se caracteriza pelas manchas nas folhas. Foto: Divulgação/Brasmax
Mancha-parda (Septoria glycines)
A mancha-parda se alastra e infecta a cultura da soja a partir de restos de vegetação anterior. O desenvolvimento é favorecido por ambiente quente e úmido. Para que os sintomas comecem a aparecer, é preciso de um período de molhamento de pelo menos seis horas, além de temperatura entre 15°C e 30°C.
Os primeiros sinais surgem após duas semanas da emergência. São pequenos pontos ou manchas, em folhas únicas, na cor castanho-avermelhada. O fungo pode causar desfolha.
Além disso, surgem pontos pardos, menores que 1 mm, que evoluem para manchas com halos amarelados, com centro castanho, de até 4 mm.
Podridão radicular de Phytophthora (Phytophthora sojae)
A podridão radicular de Phytophthora ocorre com a temperatura a 25ºC e solo muito úmido na semeadura e emergência. Em ambientes compactados, a intensidade da doença pode aumentar. Além disso, o fungo desenvolve estruturas de resistência que perduram em restos de cultura por muitos anos.
A doença pode estar em sementes infectadas, que, ao apodrecer ou germinar lentamente, condenam a vida das plântulas com caule marrom. Já em plantas adultas, há murchação e clorose de folhas. A haste e os ramos laterais apodrecem e ficam na tonalidade marrom-escura.
Outros fungos da soja
Segundo a Embrapa, existem outras doenças causadas por fungos na cultura da soja. Veja a lista!
- Mancha-alvo (Corynespora cassiicola).
- Mancha-foliar de Ascochyta (Ascochyta sojae).
- Mancha-foliar de Myrothecium (Myrothecium roridum).
- Mancha olho-de-rã (Cercospora sojina).
- Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum).
- Oídio (Microsphaera diffusa).
- Podridão de carvão da raiz (Macrophomina phaseolina).
- Podridão parda da haste (Cadophora gregata).
- Podridão radicular de Rosellinia (Rosellinia necatrix).
- Podridão vermelha da raiz (Fusarium brasiliense, F. tucumaniae, F. crassistipitatum).
- Seca da haste e da vagem (Phomopsis spp.).
A mancha olho-de-rã é uma das doenças fúngicas que atacam a soja.
Fatores de propagação
Existem diferentes fatores que podem influenciar o surgimento de fungos na soja. Veja os principais e os motivos abaixo!
Sementes infectadas
Algumas doenças fúngicas são transmitidas pelas sementes de soja contaminadas. Assim, o microrganismo pode infectar as plântulas durante a germinação e emergência. Por isso, é importante utilizar cultivares de alta qualidade e realizar o tratamento adequado de controle.
Solo contaminado
Existem fungos que podem permanecer no solo por um longo período, especialmente em restos culturais infectados. Quando as condições ambientais são favoráveis, os esporos podem infectar as plantas de soja.
Além disso, certas plantas daninhas, como trapoeraba, corda-de-viola e caruru, podem abrigar e transmitir fungos patogênicos para as plantas de soja. Elas servem como hospedeiras intermediárias, permitindo a sobrevivência e a disseminação.
Condições ambientais favoráveis
A umidade e a temperatura são fatores importantes na propagação de fungos na soja. Ambientes quentes e muito úmidos podem favorecer o desenvolvimento e a difusão das doenças.
Manejo inadequado
Algumas práticas não ideais da cultura da soja, como a falta de rotação de culturas, de controle e prevenção de pragas e doenças, podem aumentar o risco de propagação de fungos.
Prevenção e controle
Várias medidas podem ser adotadas para prevenir e controlar os fungos na cultura da soja. Confira algumas das principais estratégias utilizadas!
Uso de fungicidas
A pulverização de fungicidas é uma importante medida de controle de doenças fúngicas na soja. Os produtos podem ser aplicados preventivamente, de acordo com recomendações específicas, para proteger as plantas contra doenças.
É importante, no entanto, escolher defensivos que tenham diferentes modos de ação para evitar a resistência.
Rotação de culturas
A rotação de culturas é uma prática eficaz para reduzir a incidência de doenças fúngicas na soja. Ao plantar culturas diferentes em sequência, os microrganismos não encontrarão as mesmas condições favoráveis para se multiplicarem, diminuindo a presença no solo e nas plantas.
Cultivares resistentes
A utilização de sementes certificadas com alta qualidade genética e resistência aos patógenos é uma importante medida preventiva.
Manejo nutricional adequado
O bom manejo nutricional, com a correção do solo e a adubação com nutrientes essenciais, é capaz de fortalecer as plantas de soja e torná-las mais resistentes a doenças fúngicas. Quando há equilíbrio, é possível promover crescimento saudável e reduzir a susceptibilidade a infecções por fungos.
Vazio sanitário
O vazio sanitário é um período em que não há plantas de soja no campo, geralmente durante o inverno, com o objetivo de interromper o ciclo de reprodução de alguns patógenos, como a ferrugem-asiática.
A combinação de várias estratégias de manejo é essencial para o controle eficaz de doenças fúngicas na soja. Além disso, vale realizar monitoramentos periódicos nos talhões e consultar especialistas para obter orientações e recomendações adequadas e exclusivas.
De toda forma, é preciso saber identificar e controlar as doenças para que a safra não seja impactada, nem venha a perder rendimento com o alastramento do fungo.
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