Uma técnica comumente utilizada pelos agricultores na lavoura, aliada ao Sistema de Plantio Direto (SPD), é a chamada rotação de culturas. A estratégia envolve alternância de culturas numa mesma área ao longo de diferentes estações.
Os objetivos principais são melhorar a saúde do solo, aumentar a produtividade e reduzir a incidência de pragas e doenças.
Continue a leitura para conferir mais detalhes da rotação de culturas, incluindo vantagens e desvantagens, princípios, desafios da implementação na fazenda, além dos impactos ambientais e o ciclo de nutrientes realizado!
O que é rotação de cultura?
A rotação de culturas é a estratégia que envolve a plantação de diferentes espécies em uma mesma área e em um mesmo período do ano. A técnica pretende:
- Reduzir impactos ambientais.
- Evitar a exaustão do solo, causada pela monocultura.
- Diversificar a renda da propriedade rural.
- Coibir insetos, doenças, plantas daninhas e outras pragas.
Por meio da rotação, é possível alternar espécies que tenham sistemas distintos de raízes, como gramíneas e leguminosas. Essa medida contribui para a manutenção da fertilidade do solo e reduz a necessidade do uso de substâncias químicas.
A diversificação também colabora com a redução da incidência de uma mesma praga ou de doenças específicas que se reproduzem em certa cultura. A alternância acarreta na saída das pragas e impede a proliferação naquele talhão, uma vez que o ambiente deixa de ser propício para sua alimentação e reprodução.
Qual a diferença entre rotação e sucessão de culturas?
Muitos agricultores confundem o conceito de rotação com a chamada sucessão de culturas, termos muito parecidos. Entretanto, o segundo se refere a uma sequência de culturas dentro de um mesmo ano agrícola, sem que haja descanso ou adubação adequada do solo para recuperação dos nutrientes e prevenção de degradação com o passar do tempo.
Por exemplo, pode haver a sucessão entre soja e milho, apenas duas culturas se sucedem no período de um ano. A repetição é sequencial.
Na rotação, ocorre um sistema de plantio completamente planejado. Em um mesmo ano, cultivam-se mais cultivares. Os intervalos são maiores, com objetivo de uma expansão radicular expressiva. Desta forma, a soja pode ser plantada no verão de um ano, mas no período seguinte pode ser que ela seja substituída por outra cultura.
Um exemplo é o que foi feito pela fazenda campeã do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, no Cesb 2023. Num período de seis anos, foram plantadas quatro culturas diferentes (soja, milho, feijão e aveia), respeitando o planejamento e otimizando as condições do solo até obter um rendimento de 134,46 sacas/hectare na produção de soja na safra 2022/23.
A mudança de culturas permite a existência de raízes profundas, que impactam diretamente na disponibilidade de água e nutrientes.
Qual a importância da rotação de cultura?
A rotação de culturas é um método importante por aportar diversos benefícios para o ambiente. Um dos destaques principais é a fertilidade do solo. Cada cultura tem diferentes necessidades nutricionais e características de crescimento, o que evita a exaustão de recursos específicos de uma determinada cultura e favorece a recuperação e a nutrição da terra.
Como citado, também auxilia no controle de doenças e pragas. Ao rotacionar o cultivo, os patógenos específicos de uma cultura têm menos chances de se estabelecer e se multiplicar no solo, reduzindo, assim, a necessidade de uso de defensivos químicos e aumentando a resistência das plantas cultivadas.
A técnica se faz importante para evitar a erosão do solo. Toda a construção do sistema radicular forma raízes mais profundas, contribuindo para a estruturação do talhão, retendo mais água e evitando o desgaste por conta de chuva ou vento.
Quais os princípios da rotação de culturas?
De acordo com um material do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o planejamento da rotação deve ter como princípio a organização de acordo com o que a cultura proporciona ao solo e a espécie subsequente. Confira os fundamentos essenciais!
Diversificação
O objetivo da rotação de cultivos é variar as espécies semeadas em uma área ao longo do tempo. É uma prática que evita a monocultura, promovendo, assim, a variedade de plantas e incorporando diferentes grupos, como leguminosas, gramíneas, raízes, tubérculos e famílias botânicas.
O milho e a soja são culturas que podem entrar no fluxo de rotação de determinada área.
Criação de sequências adequadas
A rotação deve levar em consideração as necessidades nutricionais específicas de cada cultura, bem como a capacidade de beneficiar a próxima. Por exemplo, plantar leguminosas, como feijão ou ervilha, antes de cereais pode ajudar a fornecer nitrogênio, reduzindo a necessidade de fertilizantes.
Rotação em função do tempo
O tempo entre as plantações das espécies é um dos fundamentos da rotação. A duração pode variar dependendo dos objetivos e do sistema de culturas. A determinação varia de acordo com as necessidades e a capacidade de renovação do solo.
Melhoria do solo
A saúde do solo é outro objetivo da rotação, e a melhoria da fertilidade está na decisão por uma cultura ou outra a depender do:
- Aumento da matéria orgânica.
- Promoção da fixação de nitrogênio.
- Aprimoramento da estrutura.
- Controle de erosão.
- Ampliação da passagem de água.
Entre os princípios da rotação está o aprimoramento da qualidade do solo.
Quais são as vantagens e desvantagens da rotação de cultura?
A rotação traz uma série de vantagens a partir da execução correta das ações. No entanto, é preciso entender também as desvantagens que a estratégia pode acarretar quando for implementada. Vamos explorar cada tópico a seguir!
Benefícios da rotação de culturas
O sistema de rotação de culturas melhora o desenvolvimento do solo, tornando-o autossustentável com o decorrer do tempo. Além disso, essa estratégia apresenta outros bons benefícios à plantação. São eles:
- Torna o plantio direto viável.
- Traz melhorias para as características físicas, químicas e biológicas da terra, evitando a compactação do solo.
- Quebra o ciclo de patógenos.
- Diminui a ocorrência de doenças, pragas e plantas daninhas.
- Possibilita a reposição da matéria orgânica no solo.
- Protege o solo dos agentes climáticos, o que torna a produção estável.
- Torna a absorção de nutrientes mais eficiente, o que melhora o desempenho das cultivares.
- Proporciona uma produção diversificada, ampliando o leque de alimentos cultivados.
- Reduz os gastos com fertilizantes para enriquecimento do solo.
- Contribui para o aumento da produtividade.
- Colabora para a conservação do meio ambiente, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis.
Com relação a este último ponto, é importante mencionar que a rotação de culturas é capaz de ser um agente na preservação da diversidade biológica. Por não produzir apenas uma espécie, é possível semear plantas alimentícias ou não, o que favorece polinizadores e pássaros.
Desafios da implementação da rotação de culturas
Instaurar uma nova estratégia em uma propriedade demanda novos esforços. A mudança tem como objetivo o maior rendimento nas safras, mas até que tudo se estabilize pode haver desafios a serem superados.
A dificuldade do manejo é um obstáculo num primeiro momento. Deve haver preparação do solo para cada tipo de cultura, e até obter experiência pode levar algum tempo. É importante destacar esse ponto porque tanto o modo de plantio quanto a colheita são variáveis, e utilizam técnicas e tecnologias distintas. Com o tempo, é possível que a experiência rompa com as adversidades.
O manejo de culturas distintas envolve a aplicação de técnicas específicas em cada época de plantio, pensando na cobertura do solo e como aquilo impacta na próxima produção.
Outro desafio é, de fato, a escolha das culturas adequadas para o momento,o clima e a região. Essa definição tem uma implicação mercadológica e de implementação, pois podem ser necessários investimentos em novos equipamentos, insumos e mão de obra especializada.
O tamanho da propriedade também pode ser um contratempo, já que fazendas pequenas ou com áreas fragmentadas podem limitar a capacidade e atrapalhar a concretização da estratégia de forma eficaz.
Como planejar rotação de culturas?
Organização e estudo são os lemas que norteiam o planejamento da rotação de culturas. Porém, antes de tudo, é preciso estar atento a três fatores mencionados no material da UFPR. São eles:
- Fatores da localização: a região da propriedade, toda a ecologia envolvida, a distância do mercado e a facilidade no transporte influenciam na escolha.
- Fatores técnicos: a possibilidade de mecanização da produção, a disponibilidade de sementes e do fator humano, como conhecimento técnico, capacidade de gerenciamento e pesquisa.
- Fatores socioeconômicos: a estabilidade e as tendências de mercado, os valores pagos pelo produto, possíveis subsídios, assim como desestímulos, custos de implementação, disponibilidade de dinheiro para investimento e os riscos assumidos pela produção.
Entendidos todos esses fatores, que devem ser listados antes da decisão de qual cultura plantar, é hora de estabelecer as ações. Entenda detalhes de cada uma delas!
Avalie as características do solo
Antes mesmo de começar a planejar a rotação, é importante fazer uma análise do solo para identificar suas características, como textura, nutrientes disponíveis e pH. Isso vai ajudar a escolher as culturas adequadas para cada tipo de solo.
Escolha as culturas adequadas
Selecione culturas que sejam adequadas para as condições do solo e clima da região, além de pontos técnicos e econômicos. A definição deve sempre suscitar o que ela vai produzir em relação ao solo e o que vai dispor para a sucessora.
Planeje a sequência das culturas
A ordem deve respeitar aspectos, que incluem família botânica, ciclo de semeadura e colheita e as necessidades nutricionais das plantas. Plantas da mesma espécie em sequência podem aumentar a incidência de pragas e doenças, por isso é fundamental fazer essa quebra de ciclos.
Dica extra: rotação de terras
O documento acadêmico sugere a realização da rotação por talhões, ou seja, a realização de planejamento em uma cadeia completa formada por culturas que sejam elos para um próximo passo.
A ideia é que durante cada estação sejam plantados três culturas diferentes, realizando uma rotação trienal de culturas. No período seguinte, vai ser semeada uma espécie que tenha ligação com a anterior. Só que em cada talhão vai ser feita uma estratégia para redução de pragas e doenças da fazenda.
A sugestão é a seguinte associação de culturas: leguminosa-gramínea-leguminosa. Para a soja, o planejamento deve ser bem elaborado e pode ser feito com o milho, estudando sempre os benefícios que a cultura oferecerá ao sistema produtivo e à sustentabilidade do solo. A partir disso, a longo prazo, os resultados sustentáveis serão observados de forma satisfatória.
O manejo de culturas distintas envolve a aplicação de técnicas específicas em cada época de plantio, pensando na cobertura do solo e como aquilo impacta na próxima produção.
Considere plantas de cobertura e adubação verde
Inclua na rotação de culturas a utilização de plantas que auxiliem no controle de ervas daninhas, façam a fixação de nitrogênio e melhorem a estrutura e a fertilidade do solo.
Um dos fatores de definição deve ser uma planta com bastante biomassa, que seja capaz de melhorar o estado do solo com o objetivo de evitar pragas e doenças, e que possua um retorno financeiro para contribuir com a sua renda.
Faça o manejo adequado
Durante o cultivo, é importante adotar práticas de administração da safra adequadas, como a rotação de herbicidas e o controle integrado de pragas e doenças.
Impactos ambientais
Entre tantos benefícios explorados até aqui sobre a rotação de culturas, é essencial destacar os impactos positivos que essa troca apresenta para a sustentabilidade agrícola.
Um dos principais é a redução da degradação do solo. Em propriedades em que é adotada a prática de monocultura é comum que a terra perca fertilidade com o passar do tempo, principalmente com a soja. A cultura acaba esgotando os nutrientes e recursos disponíveis no ambiente.
É por isso que é fundamental rotacioná-la. O local deve sempre fornecer insumos para seu desenvolvimento natural para, assim, obter melhores rendimentos a cada safra.
E como mencionado, manter apenas uma espécie (ou variações da mesma família botânica) implica no controle de pragas e doenças. Com o passar do tempo, os defensivos químicos não dão mais resultados, pois as pragas tendem a se tornar mais resistentes. Assim, a troca reduz a necessidade do uso dos produtos químicos e, consequentemente, evita a contaminação do solo, da água e do ar.
Seguindo nesta linha, a rotação também impacta na conservação da biodiversidade da propriedade rural e na promoção da pluralidade de microrganismos no solo, que são essenciais para a saúde dos ecossistemas agrícolas. Além disso, há efeitos positivos na retenção de água disponível, devido ao sistema radicular desenvolvido, freando a necessidade de irrigação.
A mudança de culturas permite a existência de raízes profundas, que impactam diretamente na disponibilidade de água e nutrientes.
Dessa forma, a rotação de culturas se consolida como uma prática essencial para a sustentabilidade e a produtividade agrícola. Ao diversificar as safras, os agricultores podem aproveitar uma série de benefícios, pensando na conservação do solo e no futuro da propriedade rural.
No caso da soja, a rotação pode trazer vantagens ao reduzir a incidência de doenças e promover uma nutrição mais adequada à cultura. Se você é produtor rural e vai plantar soja, também é preciso definir os insumos de qualidade, como as melhores cultivares.
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[…] são os benefícios. BRASMAX GENÉTICA, Cambé PR, 27 de março de 2019. Disponível em: https://www.brasmaxgenetica.com.br/blog/rotacao-de-culturas-beneficios/. Acesso em: […]
quantos benefícios produz essa abençoada ROTAÇÃO DE CULTURA …
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