Você sabe identificar quais são as principais doenças da soja e como realizar o controle na sua lavoura? Estar atento a todas as pragas que podem atacar a safra é fundamental para entender como gerir corretamente a produção.
Mais de 40 doenças da soja desenvolvidas por fungos, bactérias, vírus e nematoides já foram identificadas no Brasil. Elas são uma realidade nas lavouras e estão entre os principais empecilhos na busca pelo máximo rendimento.
Continue a leitura, saiba quais são as principais doenças existentes e conheça maneiras efetivas de evitá-las para maior produtividade da lavoura!

Quais são as principais doenças da soja?
A identificação das principais doenças da soja é o primeiro passo na busca de um tratamento e um controle adequado em uma safra. Conheça, na sequência, aquelas que todo sojicultor deve ficar de olho na lavoura. Os sintomas, as causas e os impactos de cada uma estão disponíveis no Manual de identificação de doenças da soja da Embrapa.
Ferrugem–asiática
É uma das principais doenças fúngicas da soja (Phakopsora pachyrhizi). Os sintomas são pontuações escuras nas folhas, que podem ter de coloração esverdeada a cinza–esverdeada. Essas lesões, quando mais desenvolvidas, formam protuberâncias, também chamadas de uredias (pequenas saliências).
A ferrugem–asiática da soja pode surgir em qualquer estágio de desenvolvimento, em especial no de floração. É a doença que mais preocupa os produtores do Brasil.
Antracnose
A antracnose é outra doença fúngica que afeta, principalmente, as plântulas e a fase inicial das vagens. O apodrecimento, a abertura precoce e a queda das vagens são comuns nessa doença quando há alta umidade. A morte de plântulas também é um dos sintomas.
Mancha–alvo
Causada pelo fungo Corynespora cassiicola, a doença apresenta manchas circulares de cor castanho-claro a castanho-escuro nas folhas, com um ponto escuro no centro, parecendo um alvo.
Mofo-branco
O mofo–branco pode ser identificado pelas manchas castanho-claros que, ao se desenvolver, se transformam em micélios brancos e densos. Plantas contaminadas por essa doença apresentam folhas murchas e secas. É causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum.
Podridão radicular de Phytophthora
O fungo Macrophomina phaseolina é um habitante natural do solo que é transmitido por semente, infectando a cultura desde a germinação. Acontece de forma mais severa quando há baixa umidade e alta temperatura. Na região do colo, a epiderme da planta é removida facilmente quando friccionada, revelando microesclerócios negros nos tecidos.
Oídio
Oídio é uma doença causada pelo fungo Microsphaera diffusa, parasita que conta com desenvolvimento na parte aérea da planta de soja. A identificação é feita com o esbranquiçamento das folhas e, na sequência, para castanho-acinzentado. Ela pode ocorrer em qualquer época do desenvolvimento, apesar de ser mais comum quando as folhas começam a aparecer.
Crestamento foliar
O crestamento foliar é uma doença que se desenvolve em épocas mais quentes e chuvosas, principalmente via sementes infectadas não tratadas previamente com fungicida.
A identificação é feita a partir de pontos escuros com bordas difusas que se transformam em manchas escuras. Na sequência, ocorre o crestamento (queima) e a desfolha prematura. O fungo Cercospora kikuchii pode atacar todas as partes da planta, incluindo as vagens.

O crestamento foliar é caracterizado pelos pontos escuros com bordas difusas que se tornam manchas escuras.
Mancha-parda
A mancha-parda é caracterizada por pequenas pontuações castanho-avermelhadas que aparecem nas folhas unifoliadas duas semanas depois da emergência. Quando se desenvolve, apresenta pontuações pardas que evoluem para manchas com halos amarelados.
A doença ocorre no talhão a partir da sobrevivência do fungo Septoria glycines em restos de cultura, principalmente em locais quentes e úmidos, com esporos dispersos pela água ou pelo vento.
Mancha olho-de-rã
Começa com pequenos pontos que se transformam em manchas com centro castanho-avermelhado, evoluindo para um tom castanho-escuro. Pode atingir folha, haste, vagem e semente, em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. O fungo Cercospora sojina é disseminado pelo vento e sobrevivem em restos de culturas.
Cancro da haste
O cancro da haste é uma infecção caracterizada por pequenos pontos pretos que se tornam manchas alongadas em tom castanho-avermelhado. Segundo a Embrapa, os sintomas só são visíveis de 15 a 20 dias depois do ataque do fungo Diaporthe aspalathi.
Ocorre do lado da haste e levam à quebra, resultando no acamamento. Outro indício de fase adiantada é a presença de folha “carijó”, ou seja, amareladas com necrose entre nervuras.
Nematoides
Os nematoides são um grupo de parasitas invertebrados que podem causar doenças nas plantas de soja e afetar a produção de uma safra. Existem quatro tipos principais para que o sojicultor fique de olho: de cisto, de galha, das lesões radiculares e reniforme.
Cisto
Nematoide de cisto causa redução do sistema radicular, com sintomas aparecendo em reboleiras, com morte das plantas. Isso ocorre devido a penetração nas raízes e dificuldade de absorção de água e nutrientes. A Embrapa recomenda que o diagnóstico seja feito pela análise de amostras de solo e raízes em laboratório.
Além disso, vale informar que o desenvolvimento ocorre pelo fato do cisto permanecer em um solo úmido por oito anos, mesmo que não haja um hospedeiro.
Galhas
Uma vez que parasitam diversas espécies de plantas, os nematoides de galhas sobrevivem em plantas daninhas e atacam a soja durante seu crescimento. Afeta-se mais as folhas que contam com manchas cloróticas ou as características de uma carijó (amarelada e com nervuras).
O tamanho das plantas pode diminuir e limitar a produção com o amadurecimento prematuro e abortamento das vagens.
Lesões radiculares
Neste tipo de doença, observam-se raízes de soja com áreas necrosadas pelo modo como os nematoides das lesões atacam a planta. Os parasitam permitem que o ambiente fique propício para invasão de fungos e bactérias.
Reniforme
Já o nematoide reniforme é caracterizado pela desuniformidade de uma lavoura, com áreas subdesenvolvidas e o sistema radicular reduzido. Também pode-se observar, em alguns casos, uma camada de terra junto dos ovos.
Como realizar o manejo de doenças da soja? 10 formas!
Um dos primeiros passos para realizar um controle eficiente das doenças, é identificando-as corretamente. Após esse processo, existem diversas técnicas capazes de auxiliar no manejo e preveni-las. Confira na sequência!
1. Escolha da cultivar
Escolher uma cultivar adaptada à sua região é o primeiro passo para que a sua produtividade não seja comprometida. A resistência à determinada doença pode ser um fator muito importante no pacote tecnológico de uma cultivar.
O uso de semente certificada, ou seja, totalmente sadia, é outro fator relevante que deve ser considerado na hora da escolha para que o manejo da doença seja realmente eficiente.
2. Tratamento de semente
Uma semente de qualidade é aquela que se encontra livre dos chamados fitopatógenos (microrganismos responsáveis por causar doenças nas plantas). Diante disso, o tratamento de sementes torna-se uma técnica eficaz para a prevenção de doenças, pois visa assegurar a qualidade sanitária das sementes utilizadas para a plantação.
Nela, há a aplicação de produtos químicos para que haja controle dos fitopatógenos. A técnica ainda atua contra o desenvolvimento de pragas específicas do solo, protegendo as plântulas.
3. Rotação de culturas
A rotação de culturas é uma excelente técnica para diminuir a população de patógenos que ficam no solo entre uma cultura e outra. Além disso, ajuda na redução de pragas e plantas daninhas, melhora a fertilidade do solo e a sua produtividade.

A rotação de culturas evita que patógenos permaneçam no solo entre uma safra e outra.
4. Adubação correta
Uma adubação bem-feita, seguida da análise do solo, contribui para que as plantas fiquem menos sensíveis, diminuindo as chances de doenças. Ainda é possível incrementar a produtividade aumentando os nutrientes necessários para a terra e para o bom desenvolvimento da cultivar.
5. Controle de plantas daninhas
As plantas daninhas também são hospedeiras de pragas e doenças, o que comprova o grande risco que elas proporcionam à lavoura da soja. Por essa razão, é essencial controlar essas ervas.
6. Evitar a compactação do solo
A compactação do solo é um processo que aumenta a densidade e reduz a porosidade. Ao impedir que isso aconteça, haverá um bom desenvolvimento das raízes da planta e uma melhor infiltração de água em épocas chuvosas, dificultando o desenvolvimento dos fungos.
7. Controle químico
Na prevenção de doenças da soja, o controle químico é visto como uma medida adicional ao manejo. A primeira vez que a técnica foi recomendada para a soja no Brasil foi em 1997, para o controle de oídio e de doenças de final de ciclo. É um método eficiente e rápido que compreende na utilização de fungicidas e bactericidas mais adequados à lavoura.
8. Semeadura em época de plantio adequada
Semear a soja no período recomendado é uma boa maneira de evitar o desenvolvimento de doenças. A prática ainda influência no porte da planta e em seu rendimento.
O atraso da semeadura pode afetar consideravelmente a evolução de doenças e o rendimento, além de demandar mais aplicações de fungicidas para um controle ser eficiente.
9. Utilização da técnica de plantio direto
Ao aplicar o Sistema de Plantio Direto (SPD) na lavoura, as chances de desenvolvimento de doenças se tornam reduzidas. Isso ocorre porque o SPD permite diminuição no uso de máquinas agrícolas, além da redução da aplicação de agroquímicos no solo. Essa atitude possibilita que o solo recupere a sua qualidade, dificultando o progresso das doenças.
10. Limpeza correta das máquinas
Máquinas agrícolas não higienizadas podem ocasionar em perdas, mais gastos de combustível e, principalmente, na proliferação de doenças na soja devido ao acúmulo de sujeira que ocorre.
Afinal, pode haver a contaminação de doenças de safras anteriores. Uma maneira de realizar a limpeza é utilizando ar comprimido, além de água e detergentes específicos à necessidade.
Identificar as principais doenças na cultura da soja e realizar seu controle e a prevenção corretas é um passo essencial para manter uma lavoura livre de infestações. Dessa forma, as plantas podem se desenvolver de maneira adequada e evitar perdas de produtividade.
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7 Comentários
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Gostei do conteúdo 🙂 Queria saber mais, como faço?
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