O plantio direto na soja tem se destacado nas plantações pela possibilidade de solos mais férteis e redução de custos para o produtor. O sistema começou a ser aplicado no Brasil em 1972, em Rolândia (PR), pelo produtor rural catarinense Herbert Bartz (in memoriam).
O pioneiro implantou a técnica para diminuir a erosão proporcionada pelas fortes chuvas da região. Como consequência, a rentabilidade da lavoura aumentou, até mesmo diminuindo gastos em geral.
Nas décadas seguintes, o cultivo direto se espalhou para outras regiões. Por ser ácido e com baixa quantidade de matéria orgânica, o solo brasileiro se beneficiou com o sistema. Inclusive, em áreas como o Cerrado, até é possível manter o solo mais úmido por conta da palhada.
Continue a leitura para entender mais sobre as vantagens do plantio direto na soja, como fazê-lo e quais as diferenças em relação ao sistema convencional!
O que é o sistema de plantio direto?
O Sistema Plantio Direto (SPD) é uma técnica agrícola que se utiliza de palhada de safras anteriores e o mínimo revolvimento do solo para o cultivo da lavoura. Além disso, outro pilar é a execução de rotação de culturas.
Esse tipo de plantio ajuda no aumento da máxima produtividade de uma lavoura, assim como a agricultura de precisão, uso de tecnologias e escolha das cultivares certas para sua região.
Bases do plantio direto
O plantio direto só é executado corretamente (e só assim traz os resultados que promete), se suas três bases conceituais estiverem sendo aplicadas. Entenda cada uma delas na sequência.
Mínimo revolvimento do solo
Para evitar que se perca a matéria orgânica presente no solo, é fundamental que se faça o mínimo revolvimento possível, ou seja, sem aração e gradagem — práticas do sistema convencional. Mesmo se num primeiro momento a terra ainda não estiver tão fértil como se busca, a palhada e a rotação de culturas vão ajudar a fornecer uma fartura de nutrientes. Portanto, sem mexer no talhão.
Formação de palhada
A palhada é outro pilar para constituição do SPD, pois funciona como uma camada protetora do solo. Ela é formada por meio da rotação de cultura, aquela que fica das anteriores. Alguns dos benefícios são:
- Protege da chuva, evitando as erosões no solo.
- Armazena água por mais tempo.
- Auxilia na formação de matéria orgânica.
- Proporciona diminuição de plantas daninhas.
- Aumenta a fixação de carbono.
- Controla as doenças do solo.
- Reduz a emissão de gases de efeito estufa (GEE).
Rotação de culturas
O terceiro pilar do plantio direto é a rotação de culturas, ou seja, alternar numa ordem específica o que é semeado em um talhão na mesma estação do ano. A programação é feita pensando na terra e no propósito comercial.
Cada espécie vegetal atua de uma maneira diferente na terra e a diversificação possibilita uma descompactação do solo, ou seja, permite maior permeabilidade de água e nutrientes por conta das raízes, chegando cada vez mais fundo.
Além disso, há uma ajuda no controle de pragas e doenças que se propagam com a mesma cultura. O resultado é a possibilidade de implementação de um plantio direto de qualidade e o aumento da produtividade da lavoura.
Contudo, é importante frisar: rotação não é sucessão de culturas. Muitos sojicultores aplicam um e não o outro, e acreditam estar fazendo o SPD por conta disso, mas não estão.
A sucessão estabelece uma troca de espécie em sequência, como a alternância entre soja-milho ou soja-algodão no mesmo ano. Repetindo o processo consecutivamente. Neste formato, há pouca produção de palhada e pouca descompactação, já que não há variedade no perfil de raízes.
Por isso, é fundamental realizar uma diversificação das culturas por meio da rotação para melhoria da terra, aumento de matéria orgânica e possibilidade de formação de uma palhada mais completa.
A longo prazo, a rotação de culturas tende a aumentar a produtividade da lavoura.
Quais os impactos do plantio direto na soja?
São inúmeros os benefícios da aplicação do SPD na lavoura de soja. O sistema em si é uma vantagem por promover uma terra mais proveitosa e rentável, facilitar o manejo do solo, diminuir doenças e pragas, além de reduzir diversos custos de produção. Confira mais detalhes dos impactos a seguir!
Diminuição do uso recursos
Até que a implantação do SPD finalize, é possível que leve um tempo de adequação ao ambiente e processos. É válido realizar análises do solo para entender quais matérias orgânicas estão presentes ou não, além do que se faz necessário para iniciar essa transição.
A partir dessas observações, o sistema em si começa a favorecer uma diminuição de tempo e gera redução de custos na lavoura, pois a economia passa por não ter que fazer o revolvimento da terra, gerando menos gastos com combustíveis, manutenção de maquinário e outras operações em geral.
Melhoria na qualidade do solo
Os três princípios do SPD favorecem diretamente a qualidade do solo, indiscutivelmente. A estrutura fica mais firme e há o estabelecimento de raízes pela descompactação, além de incutir no aumento de matéria orgânica no ambiente.
O arado degrada a terra, o que é péssimo para solos arenosos com regiões quentes no ano todo, já que a biologia do solo não é fortalecida. Vale citar ainda que a palhada ajuda a amenizar impacto e evitar a erosão, assim como reduz o número de plantas daninhas (diminuindo os gastos com herbicidas).
Hidratação
Outro ponto que auxilia muito na lavoura de soja é o aumento da umidade no talhão. A palhada e a descompactação do solo aumentam a disponibilidade da água por mais tempo — o que permite, por exemplo, maior rendimento em regiões mais secas, como o Cerrado.
Além disso, o SPD reduz a sedimentação de rios e lagos e a perda de nutrientes do solo, já que a erosão é evitada.
Como fazer o plantio direto na soja?
Para implementar o sistema de plantio direto numa lavoura de soja, é preciso que haja todo um preparo da fazenda por meio do desenvolvimento das práticas que sustentam esse tipo de cultivo.
Para isso, algumas boas práticas são:
- Planejamento e gestão da implementação do novo sistema.
- Análise de solo para compreender qual a matéria orgânica do ambiente.
- Definição da rotação de culturas.
- Escolha da cobertura vegetal.
- Organização do plantio das culturas.
- Aquisição de maquinários específicos para o SPD.
A adubação verde da lavoura, via cobertura vegetal, possibilita o fim de certas doenças e pragas presentes no talhão. Portanto, é importante entender qual cultura proporciona essa eliminação ou outra que possa resistir por mais tempo como palhada.
Diferença do plantio direto e convencional
Com a apresentação do panorama do que o SPD proporciona à lavoura, vale entender quais são as diferenças quanto ao sistema convencional de plantio, ainda utilizado massivamente em grande parte do Brasil.
Para realizar o plantio direto, é preciso que o solo possua uma palhada permanente que conserve a terra, que não faça o revolvimento e planeje uma rotação de culturas.
Nesses aspectos, o convencional se difere por preparar o ambiente com a gradagem e aração, além do nivelamento. Ambos os itens podem ser positivos ao aumentar a mineralização do solo, favorecendo a cultura plantada, além de facilitar processos de semeadura, cultivo e colheita num ambiente plano.
As práticas de revolvimento também expõem mais o solo à chuva e ao sol, permitindo, assim, a erosão em áreas com declive e culminando num terreno compactado e com baixa quantidade de matéria orgânica.
Pela manutenção da palhada e não revolver a terra, o plantio direto busca proteger o solo.
Agora que você sabe o que é agricultura regenerativa, fica mais fácil entender quais seus benefícios e o porquê ela é tão considerada ao olhar para o futuro do agronegócio.
Vale dizer que o tempo de preparo convencional é maior, assim como a possibilidade de lixiviação em solos arenosos. Ou seja, da retirada de nutrientes de forma natural por meio da entrada da água no subsolo. Além disso, ambos sistemas precisam de máquinas específicas para realizar o trabalho, cada qual à sua maneira.
Plantio direto: vantagens
Conforme já citado, o plantio direto possui inúmeros benefícios ao ser aderido. Confira as principais vantagens:
- Estruturação e maior nível de fertilidade do solo.
- Aumento de matéria orgânica.
- Impedimento de ciclos de doenças e insetos se perpetuem.
- Acréscimo na retenção de água.
- Diminuição da erosão do solo e lixiviação.
- Possível implementação da estratégia de produção Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
- Sem necessidade preparo do solo.
- Adaptação a qualquer tamanho de propriedade.
- Incremento na rentabilidade da lavoura.
- Realização de prática sustentável.
Por fim, para que o sistema de produção no formato de plantio direto tenha uma implementação adequada, é importante que haja também o acompanhamento de profissionais com conhecimentos técnicos especializados.
O fato é que a mudança da estrutura de uma propriedade requer paciência, mas os resultados tendem a ser promissores.
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