Um solo ideal para soja é resultado de diversas condições específicas que permitem que as sementes possam florescer e desenvolver plantas que vão gerar grãos de ótima qualidade. Para isso, o produtor deve estar atento a fatores como textura, estrutura, profundidade, fertilidade, capacidade de retenção de água e pH.
Cada detalhe impacta diretamente na produção. Portanto, continue a leitura deste texto para entender como todos esses pontos afetam o solo, como escolher cultivares com base no tipo de terreno, quais as características ideais, assim como lidar com a matéria orgânica e a compactação!
Importância do solo na produção de soja
O solo desempenha um fator chave na produção de soja, pois impacta na saúde e no crescimento das plantas. Um manejo adequado pode:
- Diminuir os custos de produção.
- Aumentar a produtividade da cultura da soja ao longo dos anos.
- Manter a estrutura do solo.
O solo fértil fornece condições necessárias para o desenvolvimento saudável das raízes e otimiza a absorção de água e outros nutrientes essenciais para o crescimento da lavoura. Práticas sustentáveis, como o , se destacam por agregar valor ao solo e à produção, enfatizando a conservação da terra e a longevidade da agricultura brasileira.
Como os tipos de solo afetam a soja?
Os tipos de solo influenciam diretamente o cultivo da soja, pois cada um possui características distintas.
Essas diferenciações podem afetar a germinação das sementes, o crescimento das raízes e a absorção de substâncias necessárias para o desenvolvimento saudável da planta. Ao passo que os principais fatores do solo que exercem impacto sobre o cultivo da soja incluem:
- Textura.
- Estrutura.
- Profundidade.
- Fertilidade.
- Capacidade de retenção de água.
- pH.
Tipos de solo
O Brasil é um país de tamanho continental e, por isso, contempla uma grande variabilidade de solos, apresentando diferentes formações geológicas e podológicas. O resultado são tipos com características físico-químicas, estruturais e biológicas.
, engenheiro agrônomo e supervisor técnico de desenvolvimento da Brasmax, explica que “de acordo com o sistema brasileiro vigente de classificação dos solos, desenvolvido e em constante aprimoramento pela Embrapa, temos 13 ordens básicas de solo (1° nível categórico), que aliadas a outros dois níveis, proporcionam quase 200 tipos de solos, cada um com suas características particulares“.
Solos argilosos e arenosos
Entre os solos mais conhecidos estão os argilosos e os arenosos. O primeiro tipo é famoso por suas partículas extremamente pequenas, que os tornam densos e capazes de reter mais umidade e nutrientes. No entanto, são mais suscetíveis à compactação, o que pode limitar a aeração e dificultar a penetração das raízes, especialmente se o solo não for adequadamente manejado.
Em contrapartida, solos arenosos contam com uma estrutura que promove excelente drenagem e facilitam a penetração das raízes. Porém, a capacidade de reter água e nutrientes é limitada, fazendo com que sequem mais rápido e exijam técnicas de irrigações e fertilizações para manter a lavoura saudável.
Embora sejam menos férteis que os argilosos, o manejo adequado dos solos arenosos pode aumentar a produtividade, a capacidade de reter a água, além de possibilitar a aplicação de matéria orgânica.
Fazer a correção de solo para soja, em um manejo certeiro, pode proporcionar melhoria nas características, favorecendo a produtividade da lavoura.
Como escolher cultivares com base no tipo de solo?
A resposta é simples: por meio dos programas de melhoramento que selecionam e desenvolvem variedades direcionadas aos diversos perfis de ambiente pelo Brasil.
“A cultura de soja possui capacidade adaptativa aos mais variados tipos de solos e ambientes produtos, desde que atendam aos termos edáficos para uma produção satisfatórios”, explica o engenheiro agrônomo.
Silva elenca, ainda, as principais variáveis inerentes ao solo para direcionar a escolha da cultivar:
- Índices de fertilidade (teor de nutrientes);
- Teor de argila e areia;
- Resistência a penetração;
- Profundidade do perfil de solo;
- Capacidade de drenagem.
Vamos abordar cada tópico na sequência.
Índice de fertilidade
“O índice de fertilidade do solo é o atributo de maior impacto na escolha da cultivar de soja na maioria dos cenários agrícolas”, afirma o profissional.
São diversos fatores os responsáveis pela fertilidade de um solo, tais como:
- Teor de argila;
- Material de origem do solo;
- Grau de intemperização (desgaste) do solo;
- Histórico da área;
- Nível de investimento em adubações e correções pelo agricultor;
- Práticas agrícolas, como rotação de culturas, aporte de matéria orgânica com palhada, conservação do solo, entre outras.
“Por sua origem e formação, alguns tipos de solos possuem maior fertilidade natural, como solos argilosos, e outros tendem a serem menos férteis naturalmente, como solos arenosos e solos novos”, complementa o supervisor técnico de desenvolvimento.
Entretanto, isso não é uma regra. Se um solo arenoso tiver um bom nível de aporte de matéria orgânica e palhada, além de realizar as correções devidas, ele pode ter um alto índice de fertilidade — superando até os níveis do argiloso.
Correções na área produtiva e aporte de matéria orgânica e palhada podem aumentar o nível de fertilidade de solos arenosos.
“Pensando na escolha da cultivar, solos equilibrados e com alto nível de fertilidade, permitem explorar teto produtivo, logo, direciona-se materiais de alto potencial, alta exigência a fertilidade, ciclo normalmente mais curto e de boa estrutura de planta e crescimento compacto, pois esses ambientes são propícios ao acamamento”, pontua Silva.
Para solos menos férteis, são direcionadas variedades com menor exigência, produtividade estável, bom crescimento e ciclo normalmente mais longo.
Teor de argila e areia
Os teores de argila e de areia influenciam na capacidade de armazenamento de água pelo solo. Quanto mais, maior a contingência; consequentemente, quanto mais areia, a retenção fica mais restrita.
A capacidade de armazenar água dos solos arenosos é de 0,2 mm/cm a 0,4 mm/cm, aproximadamente; enquanto os argilosos são mais eficientes, retendo de 0,9 mm/cm a 1,5 mm/cm de solo.
“Diante de situações de estresse climático (falta de chuvas, altas temperaturas) ou em regiões onde o clima naturalmente seja desafiador, solos arenosos exigem cultivares mais rústicas, que apresentem bom crescimento aéreo e robustez radicular, e entreguem estabilidade produtiva diante de restrição hídrica”, informa Silva.
“Já solos argilosos permitem, principalmente, explorar cultivares de maior teto produtivo, que possuam porte de planta mais compacto e respondam positivamente à melhora do potencial de produção do ambiente. A estabilidade também é importante. Contudo, o grau de exigência dessa característica pode ser menor do que em solos arenosos para os cenários de restrição hídrica”, complementa.
A quantidade de argila e da areia impactam diretamente na capacidade de armazenamento de água pelo solo.
Resistência a penetração e profundidade do perfil
A resistência a penetração (ou grau de compactação) e profundidade do perfil do solo são fatores que refletem no grau de dificuldade do crescimento e estabelecimento das raízes.
“Solos rasos e compactados exigem mais do sistema radicular. Portanto, é indicado o uso de cultivares de raízes agressivas, robustas e sadias, que permitam entregar à planta estabilidade de absorção de água e nutrientes“, alega Silva.
Além disso, essas variedades toleram melhor possíveis patógenos que podem se beneficiar pela circunstância, como o Macrophonina spp, entre outros.
Para compactação, o engenheiro agrônomo ressalta que o manejo na área, realizado pelo agricultor, é o principal fator que regula o aumento ou diminuição do grau de resistência.
O processo eleva a densidade do solo, diminui os espaços porosos e, consequentemente, reduz a aeração e a infiltração de água. Na lavoura de soja, ela pode comprometer o desenvolvimento da planta de forma severa, diminuindo a produtividade.
Capacidade de drenagem
A capacidade de drenagem é um fator que se correlaciona à penetração e profundidade de perfil. “Solos rasos ou até mais profundos, em situações em que o relevo prejudica a drenagem, têm maiores dificuldades de escoamento e dissipação da umidade em caso de períodos chuvosos intensos. Portanto, o ambiente permanece com alto nível de umidade por mais tempo”, detalha o supervisor técnico.
Isso prejudica a aeração e favorece em determinadas situações a ocorrência de doenças de raiz, como Fusarium spp., Phytophthora spp. e Pythium spp. Nesse cenário, se torna necessário o emprego de cultivares que apresentem boa sanidade radicular.
“Similar a isso, temos os solos de várzea, que ocorrem com maior frequência no Rio Grande do Sul. O ambiente costuma ficar muito úmido por mais tempo e até formar lâmina de água dependendo do volume de chuva. Sendo assim, é imprescindível que o agricultor escolha cultivares que tolerem a condição de menos aeração e encharcamento”, ainda conforme Silva.
A capacidade de drenagem influencia no nível de umidade do terreno.
De acordo com o engenheiro agrônomo, a maior parte dos pontos citados são passíveis de ação do agricultor por meio de investimento, manejo e/ou intervenção. E, por isso, torna-se fundamental conhecer o ambiente produtivo para a melhor escolha das cultivares.
“O time de Desenvolvimento de Produtos da GDM atua em todas as regiões sojícolas do Brasil, direta ou indiretamente, buscando informações e resultados por meio de uma extensa rede de ensaios a fim de levar as melhores recomendações de cultivares para cada cenário ambiental”, ressalta Silva.
Características do solo ideal para soja
O solo ideal para plantio de soja se beneficia de um equilíbrio cuidadoso entre as características físicas, químicas e biológicas. Na sequência, vamos explorar aspectos que desempenham um papel na determinação da produtividade e saúde das plantas de soja.
Textura do solo
A textura do solo refere-se à composição de partículas de areia, silte e argila. Os ideais para soja tendem a ser aqueles com uma textura franco-arenosa ou franco, pois oferecem um balanço entre boa aeração, drenagem adequada e capacidade de retenção de água e nutrientes. Essa combinação facilita o desenvolvimento do sistema radicular e promove a absorção eficiente de nutrientes.
Estrutura do solo
A estrutura do solo diz respeito à maneira como as partículas individuais de areia, silte e argila estão agregadas. Uma boa estrutura de solo resulta em agregados estáveis que melhoram a porosidade e a permeabilidade.
Para a soja, solos com uma estrutura grumosa ou blocosa são ideais porque permitem uma penetração adequada das raízes, melhoram a aeração e, ao mesmo tempo, mantêm a umidade necessária para o crescimento saudável das plantas.
pH do solo
É um indicador do grau de acidez ou alcalinidade do solo e afeta diretamente a disponibilidade de nutrientes. A cultura desenvolve-se melhor em terrenos ligeiramente ácidos a neutros, sendo o ph do solo ideal para soja preferível entre 6,0 e 7,0.
Nesta faixa, a maioria dos nutrientes essenciais para a lavoura do grão é amplamente disponível para absorção pelas raízes.
O solo adequado para plantio de soja precisa ter pH de pouco ácido para neutro.
Fertilidade do solo
É uma medida da capacidade do solo de fornecer nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Para a soja, um solo considerado fértil deve ter boas concentrações de , além de micronutrientes como manganês, zinco e ferro.
Embora a soja possa fixar nitrogênio atmosférico em suas raízes, por meio das bactérias que cumprem essa função, a disposição adequada de outros nutrientes no solo é crucial para um ótimo desenvolvimento das plantas.
Umidade do solo
É um parâmetro essencial para a germinação de sementes e transporte de nutrientes solúveis para as raízes. A capacidade do terreno de reter água sem se tornar encharcado é o mais aconselhável.
A umidade do solo ideal para plantio de soja geralmente é alcançada com solos que possuem uma mistura equilibrada de terra, argila e matéria orgânica. Eles retêm quantidade adequada de água enquanto permitem o excesso de água escoar, evitando o risco de asfixia das raízes ou doenças fúngicas.
Benefícios da matéria orgânica no solo
A presença de matéria orgânica no solo é benéfica para a produtividade agrícola. Entre as vantagens da sua disponibilidade podemos listar:
- Melhora da estrutura: atuando como aglutinante, estabilizando o solo.
- Aumenta a capacidade de retenção de água: aprimora a eficiência no uso de água pelas plantas.
- Fornece nutrientes às plantas: como nitrogênio, fósforo e potássio, reduzindo a dependência de insumos químicos.
- Favorece a atividade biológica do solo: ideal para o ciclo de nutrientes saudáveis e a supressão natural de doenças.
- Contribui para a mitigação das : pela atuação como reservatório de carbono, reduzindo emissão de gases de efeito estufa.
A matéria orgânica é parte fundamental para o crescimento de uma lavoura saudável.
Cuidar do ambiente produtivo é indispensável para que a cultura de soja possa se desenvolver com tranquilidade, rendendo grãos de qualidade ao final da colheita. Para isso, é preciso realizar análise de solo ideal para soja periodicamente a fim de entender qual a sanidade atual. Se for preciso, trace planos de ação para que as correções sejam feitas e deem resultado.
Outro ponto que o produtor rural deve ter como prioridade no planejamento da safra é a escolha da cultivar de soja ideal em relação ao tipo de solo da sua propriedade. Quer conhecer as variedades da para seu próximo plantio? Então, clique na imagem abaixo e veja o portfólio completo!