As práticas de descompactação do solo são cruciais para proporcionar a saúde e produtividade da soja e de outras culturas agrícolas. No entanto, quando há compactação, limita-se o desenvolvimento das raízes e, consequentemente, a absorção de água, nutrientes e oxigênio. Além disso, compromete-se a resistência das plantas a doenças e pragas.
Continue a leitura para entender mais sobre as causas da compactação, os procedimentos de descompactação, as vantagens da semeadura no terreno apropriado e o que precisa ser feito numa lavoura de soja!
Importância e o que é a descompactação do solo
A descompactação do solo é um conjunto de práticas, mecânicas e/ou biológicas, que visam romper uma camada compactada do terreno e com a estrutura natural comprometida.
As mecânicas fundamentam-se em princípios de subsolagem via equipamentos automáticos que operam numa profundidade maior que os insumos de preparo de solo com objetivo de reduzir a densidade. Enquanto que as biológicas vêm da adição de material orgânico por meio do sistema radicular, proporcionando mais sustentação ao ambiente pelas substâncias.
Nesse sentido, a realização dos procedimentos é importante para a restauração da estrutura natural do solo. Assim, permite-se o desenvolvimento mais adequado das plantas e aumento da produtividade, ao passo que os custos de irrigação são reduzidos. Ou seja, obtém-se mais retorno num ambiente sustentável a longo prazo.
Quais as causas da compactação do solo?
A compactação do solo é o resultado de um conjunto de ações físicas, químicas e biológicas que culminam no aumento da densidade. Abaixo listamos as principais causas.
Tráfego de veículos e maquinários
Uma das ações físicas é a passagem de tratores e colheitadeiras que, por serem muito pesados, podem comprimir o solo.
Pisoteio de gados
A passagem frequente dos animais sobre o local também pode levar à compressão fisicamente.
Chuva intensa
Os solos com baixa capacidade de infiltração podem ficar mais compactados pelo volume de água despejado.
A chuva intensa pode piorar a situação de um solo não descompactado.
Calagem
Quimicamente, a substituição de alumínio por cálcio ou magnésio pode ser prejudicial, uma vez que o primeiro elemento tem ação estabilizante, enquanto os outros dispersam com pH menor que 7,0.
Uso excessivo de insumos químicos
A inserção de substâncias de forma recorrente e em grande quantidade pode afetar a capacidade do solo em manter sua estrutura natural.
Decomposição da matéria orgânica
O preparo do solo agiliza a atividade biológica, passando para a mineralização e, assim, promove a desestabilização de macroagregados, levando à compactação. Antes da decomposição, a matéria estabiliza os agentes.
Sinais de que o solo precisa ser descompactado
Conforme a Embrapa, o nível de compactação de um solo pode ter efeitos relativos, ou seja, pode ser benéfico até certo ponto, mas também pode atrapalhar completamente o desenvolvimento de uma lavoura.
Se a densidade do solo for muito baixa, há chance de pouca retenção de água pelas sementes na hora da germinação, tornando o processo mais demorado que o necessário. Agora, se estiver compactado, o fluxo hídrico não vai ser satisfatório para o desenvolvimento da cultura.
Assim, existem alguns sinais que indicam a necessidade de descompactação, tais como:
- Dificuldade no desenvolvimento das raízes: dificuldade na penetração de água no solo é um sinal de que ele pode estar comprimido.
- Raízes superficiais: desenvolvimento radicular das plantas em um nível raso indica necessidade de descompactação.
- Drenagem anormal: existência de poças de água ou drenagem muito lenta em certos locais da lavoura pode representar compactação.
- Baixa produtividade: se a lavoura vem tendo diminuição da capacidade de produção historicamente, pode ser um sinal de que o solo está compactado.
- Presença constante de pneus e marcas de patas: talvez seja o momento da descompactação quando alguma área do talhão estiver com alta recorrência de passagem de maquinários, já que possivelmente está comprimindo o local.
A passagem de muitos maquinários pode aumentar a compactação do solo.
3 métodos de diagnóstico de compactação
De acordo com a Embrapa, há uma série de testes que podem ser feitos para certificação da necessidade de descompactação, de fato, do solo. Confira três deles abaixo!
1. Método da trincheira
Segundo o órgão, a prática consiste na abertura de áreas de 30 cm de largura por 50 cm de profundidade. A compactação pode ser visualizada morfologicamente, com a identificação dos limites superior e inferior do solo comprimido.
2. Exame de raízes
Assim que a cultura estiver no seu florescimento, nesse método, retira-se um bloco de solo com 15 cm a 20 cm de largura com 30 cm de profundidade. A depender da análise morfológica e distribuição radicular no espaço, é feito o diagnóstico de compactação.
3. Uso de penetrógrafo e penetrômetro
Os instrumentos têm como objetivo quantificar a resistência do solo à penetração. Quanto mais difícil, mais compacto.
O que fazer quando o solo está compactado?
Se o solo estiver compactado, a solução é a redução da densidade, ou seja, a descompactação mecânica ou biológica.
Descompactação mecânica
O método de aplicação tem como base o uso de equipamentos que trabalham nas profundidades de compactação e que possuem discos ou hastes (escarificador de solo). A prática pode ser manual ou com maquinários, a depender do tamanho do talhão a ser trabalhado.
É importante dizer que para aplicar as técnicas mecânicas deve-se checar as condições de umidade do solo, assim como a profundidade e o espaçamento entre as hastes.
Outra questão de caráter físico que pode ser realizada é o controle do tráfego de veículos e do pisoteio de gados no local. Esse monitoramento pode ajudar a não piorar a situação.
Processo biológico
A descompactação biológica do solo está atrelada às práticas mecânicas. Entre as alternativas de atuação estão:
- Adição de matéria orgânica.
- Uso de técnicas de conservação do solo, principalmente na contenção de erosões.
- Desenvolvimento de culturas com sistema radicular vigoroso para rompimento do solo comprimido.
- Uso de plantas de cobertura para melhorar a qualidade e aumentar a matéria orgânica ao longo do tempo.
O que plantar para descompactar o solo na lavoura de soja?
Nesse caso específico, a partir da aplicação das práticas acima, vale ao sojicultor considerar o sistema de produção em plantio direto, uma vez que prevê a rotação de culturas para que o solo esteja descompactado, promove a formação de palhada, além de prezar pelo mínimo revolvimento do terreno para que a matéria orgânica esteja presente.
As culturas com sistema radicular que ajudam a fazer a descompactação do solo com plantas e podem estar presentes na rotação com a soja são:
- Centeio (Secale cereale);
- Milheto (Pennisetum glaucum);
- Nabo forrageiro (Raphanus sativus);
- Alfafa (Medicago sativa);
- Aveia (Avena spp.).
O nabo forrageiro é uma das culturas que auxiliam no processo de descompactação do solo e pode ser utilizada em rotação com soja e outras espécies.
Ao produtor, vale certificar qual cultura é a mais indicada para a região e, também, o período de produção, considerando a rotação e alternância durante as estações do ano, assim como características, materiais necessários para desenvolvimento e, até mesmo, logística e questões mercadológicas.
Em geral, é importante ressaltar que cada caso de compactação é único, tendo a possibilidade de aplicação de apenas uma ou outra técnica, num tratamento específico, recomendado por um profissional especialista no manejo do solo.
Quais as vantagens da semeadura de soja em solo descompactado
A semeadura de soja em solo descompactado pode oferecer várias vantagens em comparação ao solo comprimido, entre elas:
- Melhor desenvolvimento das raízes.
- Maior infiltração de água, sem escoamento superficial, nem erosão do solo.
- Maior quantidade de nutrientes disponíveis para as plantas.
- Alta produtividade da safra.
- Redução de custos com manutenção do solo, irrigação e adubações.
- Menor risco de futuras compactações a partir da prevenção.
A descompactação do solo é uma prática fundamental para proporcionar a saúde e produtividade da soja e de outras culturas, assim como a preservação da biodiversidade e da matéria orgânica do ambiente.
Com a adoção das técnicas corretas, é possível melhorar a estrutura do solo e reduzir impactos negativos na qualidade final da safra. Por isso, lembre-se que consultar um especialista é fundamental para saber o que fazer de forma mais adequada.
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