O gerenciamento do solo na adubação para soja é uma forma de garantir o bom desenvolvimento das plantas e a rentabilidade da cultura.
Tudo começa na análise do solo, que vai mostrar se há déficit de nutrientes ou excesso de elementos que possam estar prejudicando a produtividade da lavoura. Sem essa etapa, o cálculo de adubação para soja não pode ser feito, pois há risco de gerar formulações imprecisas.
portanto, você vai conhecer quais fatores influenciam na absorção de nutrientes pelo solo e quais são as principais recomendações na adubação para soja. Boa leitura!
Importância da adubação para o plantio da soja
A adubação é um aspecto crítico para o plantio da soja, visto que uma nutrição equilibrada é essencial para que a planta atinja seu pleno potencial produtivo. Elementos como o potássio desempenham papel vital, pois impactam na qualidade do grão, por exemplo.
O manejo adequado da fertilização pode influenciar diretamente a produtividade e a qualidade final da colheita. Cada nutriente tem uma função específica: por exemplo, o nitrogênio é fundamental para o crescimento vegetativo, enquanto o fósforo é importante para o desenvolvimento radicular e a floração.
A adubação adequada fornece todos os nutrientes necessários ao ciclo de vida da planta. A prática contribui para a máxima eficiência do uso de água e luz, resistência a doenças e, por fim, para uma boa formação dos grãos de soja.
Fatores que influenciam a absorção de nutrientes
A absorção de nutrientes pela soja recebe influência de alguns fatores, entre eles, podemos listar as condições climáticas, as diferenças genéticas entre as cultivares, o teor de nutrientes no solo e o tipo de técnica empregada no plantio. Vamos explicar mais detalhes na sequência!
Condições climáticas
Quando falamos em condições climáticas, nos referimos à chuva e à temperatura. A disponibilidade de água é crucial em dois períodos do desenvolvimento da soja: germinação-emergência e floração-enchimento de grãos. Tanto o excesso quanto a escassez de água são prejudiciais.
De acordo com a , para obter o máximo rendimento na cultura da soja, são necessários de 450 mm a 800 mm de água por ciclo. Em relação à temperatura, a soja se adapta a temperaturas entre 20°C e 30°C, sendo que a ideal para o seu desenvolvimento fica em torno de 30°C.
As condições climáticas impactam diretamente na absorção dos nutrientes.
Tipos de plantio
O preparo do solo, quando feito com as diretrizes corretas, é uma etapa que pode favorecer a alta produtividade da soja. Em contrapartida, quando o manejo é incorreto, leva à degradação do terreno, reduzindo o potencial produtivo.
Atualmente, de acordo com a Embrapa Soja, os solos vêm passando por um processo de degradação causado pelas condições climáticas, espécies cultivadas e pelas próprias características dos terrenos. Para revigorar as superfícies, produtores devem investir no , que melhora o desempenho da soja.
Teor de nutrientes do solo
A análise do solo é fundamental para definir se a área tem ou não indicação para o uso de adubação. Essa avaliação deve ser realizada após a da cultura anterior àquela que será plantada.
Para maior confiabilidade, as análises devem ser coletadas em áreas semelhantes em solo, relevo e histórico de uso. Orienta-se a colheita de 10 a 20 amostras em pontos aleatórios em cada localidade.
Nutrientes da soja que impactam no alto rendimento
A soja requer uma abordagem cuidadosa e detalhada quando se trata de nutrição. É necessário que haja o equilíbrio correto dos nutrientes primários — nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Mas a interação entre micronutrientes, como zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu), desempenha um papel vital nas funções fisiológicas das plantas.
Tudo, desde a fotossíntese até a formação de grãos, é impactado de maneira significativa pela presença — ou ausência — desses elementos cruciais. Entenda mais sobre eles na sequência!
Nitrogênio na adubação para soja
A adubação nitrogenada na soja é essencial para a cultura. Calcula-se que para produzir uma tonelada do grão sejam necessários 80 quilos do nutriente. O nitrogênio fornecido às plantas tem duas origens: fertilizantes nitrogenados e fixação biológica, proveniente da bactéria Bradyrhizobium japonicum.
A é a principal fonte do nutriente para a planta e pode, inclusive, fornecer todo o N que a soja precisa, segundo a Embrapa, dispensando a adubação do solo.
As bactérias do gênero Bradyrhizobium infectam as raízes da planta e formam os nódulos, mas a eficácia desse processo depende do uso correto de inoculantes com os micro-organismos específicos para a FBN da cultura da soja.
Fixação biológica do nitrogênio é a principal fonte do nutriente para a soja.
No caso dos inoculantes, existem alguns detalhes importantes a serem observados durante a compra. São eles:
- Prazo de validade: não utilizar inoculantes vencidos.
- Armazenamento: confirme que o produto estava guardado em temperatura e arejamento adequados.
- Conservação: mantenha o inoculante em local fresco e arejado na propriedade.
Orientações da Embrapa indicam o fornecimento de 2 g/ha a 3 g/ha de cobalto (Co) e de 12 g/ha a 30 g/ha de molibdênio (Mo); dois nutrientes fundamentais para a FBN. A aplicação deve ser feita via semente ou foliar, nos estágios V3 a V5 de desenvolvimento.
Fósforo
Nos solos brasileiros, é comum encontrar deficiência de fósforo (P) na soja, mas há exceções, como no Paraná. O estado possui a terra roxa, caracterizada pela alta fertilidade natural e com índices elevados dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas.
Segundo a Embrapa, solos pobres em fósforo tendem a manifestar alguns problemas, como baixa produtividade, plantas de porte reduzido e pequena altura de inserção das primeiras vagens. Estudos da entidade revelam que esses distúrbios são corrigidos à medida que são fornecidas doses de fósforo.
Quando o solo receber adubação, recomenda-se que as fontes de fósforo sejam solúveis (superfosfato triplo, superfosfato simples, termofosfato yoorin, MAP e DAP). A utilização de fosfatos naturais brasileiros diretamente na lavoura em razão da “extrema baixa eficiência agronômica e pelos custos de transporte, o que os inviabiliza economicamente”.
Pesquisadores indicam que a análise da fertilidade do solo seja feita a cada dois anos. Esse monitoramento é essencial para a tomada de decisão no que diz respeito à frequência e à quantidade da adubação. Já onde houver supressão dessa adubação, a análise do solo deve ser feita, obrigatoriamente, ao término do cultivo da soja.
O fósforo é um nutriente encontrado em baixa quantidade no solo brasileiro, com exceção da terra do estado do Paraná.
Potássio
O nutriente está envolvido em diversos processos metabólicos essenciais da soja, incluindo a síntese de proteínas, a fotossíntese e o controle hídrico da planta, contribuindo assim para o aumento da produtividade e a qualidade da colheita.
O potássio atua na otimização do uso da água, fornecendo resistência a períodos de seca. Além disso, ele ajuda a soja a combater doenças, fortalecendo a capacidade imunológica da planta.
Enxofre
Até meados dos anos 1980, a cultura da soja tinha pouca resposta à adubação com enxofre (S). Mas muito disso se deve à região onde os estudos foram feitos: no Paraná, onde a terra roxa tem grande quantidade de matéria orgânica e é uma excelente fonte de enxofre.
A partir da década seguinte, foram verificadas novas e positivas respostas da aplicação de enxofre na cultura da soja, com alto rendimento em vários tipos de solos brasileiros.
As fontes de enxofre que podem ser utilizadas como adubo são gesso agrícola (15% de S), superfosfato simples (12% de S) e “flor” de enxofre ou enxofre elementar (98% de S). Também existem fórmulas de adubo NPK para soja que contém o elemento.
O enxofre é um dos nutrientes associados à adubação para soja de alta produtividade.
Micronutrientes
São os elementos com baixa demanda pela cultura da soja. Os solos do Sul do país têm bons índices de micronutrientes, exceto na região de Ponta Grossa e no noroeste do Paraná e de algumas áreas do Rio Grande do Sul, onde o terreno é arenoso.
Segundo a Embrapa, o excesso de adubação fosfatada na soja pode causar deficiência de zinco e manganês; dois micronutrientes importantes para o desenvolvimento da cultura.
Atenção: quando o teor de algum micronutriente estiver alto, não se deve aplicá-lo, de forma a prevenir toxicidade.
Para saber se há deficiência de algum micronutriente, é recomendado fazer uma análise foliar e do solo. Caso o resultado aponte para carência de elementos, deve-se realizar aplicação via solo, por meio de adubo foliar para soja (cobalto, molibdênio e manganês) ou via semente (cobalto e molibdênio), de acordo com o nível de escassez.
Mas existe um porém: as correções com análise a partir das folhas só serão válidas para a próxima safra. Isso acontece porque a avaliação foliar deve ser realizada no período de floração, e nessa fase já não é mais eficiente fazer qualquer correção nutricional.
Ainda de acordo com a Embrapa, a aplicação de micronutrientes no sulco de plantio tem sido bem utilizada pelos produtores. A recomendação é usar um terço da indicação a lanço por três anos sucessivos.
Na sequência, vamos entender como cada elemento impacta no desenvolvimento da soja.
Cálcio
O cálcio é relevante para a fisiologia das plantas por estar envolvido na manutenção da estrutura da parede celular e na sinalização celular, influenciando diretamente o crescimento.
Além disso, o nutriente tem papel essencial na estabilização de membranas e na proteção contra estresse térmico e oxidativo, contribuindo para a saúde geral da planta e para a capacidade que ela tem de resistir a condições adversas de clima e doenças.
O cálcio é um micronutriente envolvido na estrutura fisiológica da planta.
Zinco
O zinco é essencial para diversos sistemas enzimáticos e está envolvido na produção de clorofila, que é crítica para a fotossíntese. Ele também impacta nos níveis de hormônios da planta e pode afetar a maturação das sementes de soja.
Boro
O boro é um nutriente importante para manter a integridade estrutural e funcional das paredes celulares e membranas da planta. É vital para o crescimento e desenvolvimento da soja, pois influencia na formação de sementes.
Cobre
O cobre serve como um componente crítico de diversas enzimas e desempenha papel no transporte de elétrons na fotossíntese. Está também envolvido na síntese de lignina, que é necessária para a resistência das paredes celulares e proteção contra patógenos.
Magnésio
O magnésio é um componente central da molécula de clorofila e, portanto, indispensável para a fotossíntese. Também é um cofator em sistemas enzimáticos que regulam a captação de dióxido de carbono e está envolvido na síntese de DNA e RNA nas plantas de soja.
Manganês
O manganês é necessário para as enzimas envolvidas na formação de cloroplastos e fotossíntese. Ajuda no metabolismo do nitrogênio e ativa múltiplas enzimas da planta, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento geral da soja.
Ferro
O ferro é um elemento chave de proteínas e enzimas essenciais para a produção de energia dentro da planta. É crucial para a síntese de clorofila e está associado à fixação de nitrogênio.
Adubação de base e de cobertura
A adubação de base e a adubação de cobertura são duas práticas importantes no manejo de culturas agrícolas, incluindo a soja, e servem a propósitos diferentes no ciclo de desenvolvimento da planta.
A adubação de base é focada no fornecimento de nutrientes no ou . São aplicados elementos menos móveis no solo, como fósforo, potássio e nitrogênio. O objetivo é disponibilizá-los para as plantas desde o início do desenvolvimento. Assim, promovem boa germinação e forte estabelecimento radicular.
Já a adubação de cobertura para soja é realizada após o estabelecimento da cultura. O objetivo é nutrir a planta nas fases em que os nutrientes mais são necessários, principalmente por elementos mais móveis no solo, como nitrogênio ou outros. São aplicados superficialmente ou ligeiramente incorporados ao solo.
Existem dois métodos para aplicação do adubo para soja: de base ou de cobertura.
Como fazer o cálculo de adubação?
Para calcular a adubação cultura da soja, é essencial levar em consideração as necessidades nutricionais específicas, bem como as condições do solo onde a soja será plantada. Veja o que considerar!
Análise do solo
Realize uma análise de solo com ênfase nos macronutrientes (N, P, K) e micronutrientes essenciais.
Interpretação da análise do solo
Compare os resultados com os níveis recomendados para o cultivo de soja. Identifique quais nutrientes estão abaixo do nível considerado ótimo para a cultura.
Recomendação técnica
Use recomendações específicas para soja, levando em conta a expectativa de produtividade. Geralmente, a tabela de recomendação de adubação para soja vai indicar a quantidade de nutrientes por hectare. Converse com um engenheiro agrônomo para que ele possa indicar o que deve ser aplicado.
Cálculo da quantidade de nutrientes
Baseado na recomendação, calcule o volume de nutrientes necessários para a adubação.
Escolha do adubo
Identifique os adubos que fornecem os nutrientes, levando em conta as especificações de produtos disponíveis no mercado.
Cálculo da dose de adubo
Use a proporção de nutrientes no adubo para encontrar a quantidade a ser aplicada. Por exemplo, vamos supor que na análise fosse recomendada a necessidade de 20 kg/ha de fosfato. Se o adubo fosfatado tiver 44% do composto químico, a conta é a seguinte:
Quantidade de adubo = quantidade necessária do nutriente / porcentagem do nutriente no adubo
Quantidade de adubo = 20 kg/ha / 0,44
Quantidade de adubo = 45,45 kg/ha
Portanto, para obter os supostos 20 kg/ha do fosfato do exemplo, seria necessário aplicar 45,45 kg/ha do adubo. Replique a fórmula para compreender quantos kgs de adubo por hectare de soja são necessários.
Fornecer adubo para soja nem sempre é necessário, mas é fundamental fazer análises do solo periodicamente para entender a sanidade e a quantidade de nutrientes disponíveis. A adubação é apenas um dos diversos passos importantes que o produtor deve estar atento para obter o máximo rendimento na safra de soja.
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