A evolução do melhoramento genético, das tecnologias disponíveis no mercado e da implantação de um manejo adequado têm contribuído para um aumento significativo da produtividade da soja a cada safra. Em 2020, a produção de grãos de soja no Brasil cresceu 5,1% em relação a 2019, com aumento de 3% em área no mesmo período, segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).
A semeadura é uma das operações de maior importância durante a safra e possui forte influência no resultado da lavoura. Através dessa operação, é possível determinar a eficiência das demais atividades de manejo que necessitam ser aplicadas ao longo do ciclo da cultura.
Sabendo disso, vários fatores relacionados à plantabilidade devem ser considerados, como:
A seguir, veremos um pouco mais sobre cada um destes itens.
Vários fatores interferem na condição de solo no talhão. Além das características físicas, a cultura antes instalada pode determinar as diferentes zonas de umidade da área, permitindo identificar o melhor momento para iniciar a operação.
É recomendável a realização do plantio com a condição do solo friável (levemente úmido, não pegajoso), que depende das condições ambientais (precipitação) e das diferenças entre os tipos de biomassa presentes anteriormente (trigo, aveia, milho, cultura de cobertura do solo, pousio etc.).
Adequar e entender o manejo da cultura anterior presente na área é crucial para garantir uniformidade da profundidade de semeadura.
Essa prática de manejo é importante para o bom desenvolvimento da próxima cultura a ser semeada, pois elimina a competição inicial das plantas daninhas já estabelecidas e uniformiza a massa vegetal de plantas estabelecidas na cultura antecessora.
Recomenda-se realizar o processo entre 20 e 40 dias antes da semeadura, dependendo da região, das condições de temperatura e da quantidade de cobertura vegetal presente na área.
Consiste em correlacionar a distribuição do número de sementes por metro linear e a qualidade fisiológica das sementes, com objetivo de estabelecer boa uniformidade no estande de plantas desejado.
É necessário ajustar a quantidade de sementes por metro linear com base no percentual de germinação das sementes. Além disso, é preciso revisar o estado de conservação mecânico e hidráulico da semeadora, o número de furos dos discos de sementes e verificar a relação entre engrenagens motoras e movidas, disponibilizada nas semeadoras através de uma tabela específica.
O tratamento de sementes é fundamental para garantir a expressão da qualidade fisiológica das sementes no campo, sem que sejam afetadas por insetos ou doenças. No entanto, esses produtos podem modificar características superficiais das sementes, aumentando o atrito e prejudicando a movimentação destas nos discos e sistemas de distribuição da semeadora.
Para evitar este tipo de problema, é necessária a utilização de grafite em pó e um lubrificante que contribua com a melhor movimentação das sementes. Recomenda-se o uso de cerca de 7g a 10g a cada 1kg de sementes.
A escolha do disco e anel adequados depende da peneira de cada lote e cultivar de soja. Geralmente, este procedimento é realizado após o tratamento das sementes, pois a adição de produtos pode modificar o tamanho delas.
O teste é realizado através do encaixe do disco com o anel, movimentando-os e verificando como se dá o fluxo das sementes neste encaixe. É recomendável que as sementes se desloquem com facilidade nesta movimentação, sem estarem muito apertadas ou livres nos orifícios dos discos.
Existem dosadores mecânicos, com discos horizontais, e pneumáticos.
O primeiro é um sistema com variabilidade de discos, orifícios e anéis, que trabalha de acordo com a movimentação da semeadora. As sementes se depositam no orifício e, a partir daí, são dosadas. Este sistema depende de uma velocidade de semeadura não elevada para que as sementes consigam se alojar nos discos e serem depositadas no sulco.
Já os dosadores pneumáticos têm maior precisão. Trabalham com discos perfurados, os alvéolos, onde as sementes são aderidas por ação do vácuo. Elas são liberadas aos tubos condutores das sementes pela diminuição da pressão do ar no sistema.
Nesse caso, as sementes devem ser de elevada pureza física e necessitam da utilização equilibrada de grafite. A velocidade de semeadura com este tipo de equipamento pode ser maior do que com dosadores mecânicos.
Nos dois sistemas dosadores, os condutores de sementes devem estar limpos, sem amassados e com angulação adequada para condução de sementes até o sulco.
A distribuição de sementes e, consequentemente, plantas na linha de plantio, está relacionada à velocidade de semeadura. Quanto maior a velocidade, maior será a quantidade de falhas ou sementes duplas. Para sistemas mecânicos, a velocidade deve ser em torno de 4 a 6km/h. Já nos pneumáticos, de 7 a 8km/h, no máximo.
Na prática, uma semeadora programada para depositar 15 sementes por metro linear, a uma velocidade de 7km/h (1,95m/s), deverá realizar a abertura do sulco, depositar 15 sementes uniformemente distribuídas e realizar o fechamento do sulco em 1 segundo. Portanto, é de extrema importância que o plantio não seja realizado com velocidade acima da recomendada, porque dela dependerá a uniformidade de distribuição das plantas que, por conseguinte, contribui para a formação da produtividade.
Em resumo, o máximo rendimento do plantio da cultura da soja depende da conexão de várias técnicas de manejo que, quando aplicadas adequadamente, contribuem significativamente para o resultado da produtividade!
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Texto escrito por:
Bernardo Zanardo- Gerente de Desenvolvimento Brasmax
Valter Eduardo Balestrin- Supervisor Técnico de Desenvolvimento Brasmax
Referências:
CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Série Histórica Soja, 2020.
KRZYZANOWSKI et al. A alta qualidade da semente de soja: fator importante para a produção da cultura, Circular técnica. EMBRAPA, Londrina – PR, 2018