Percevejos e lagartas da soja: você sabe identificar?

Da semeadura até a colheita, as lavouras estão completamente suscetíveis às pragas. Por isso, a atenção deve ser redobrada para que o rendimento da safra não seja prejudicado. Nesse sentido, conhecer as características dos principais percevejos e lagartas da soja é fundamental para identificar e realizar o manejo correto da cultura.

Pensando nisso, separamos algumas dicas que te ajudarão a reconhecer as principais lagartas e percevejos que atacam a cultura da soja. Fique atento para proteger a sua plantação e boa leitura!

Lagartas da soja

As lagartas são umas das principais pragas da soja. Ao mesmo tempo, também são consideradas as mais fáceis de serem identificadas por possuírem aspecto de verme e corpo cilíndrico. O que realmente muda são as características específicas de uma espécie para outra. Elas se alimentam, basicamente, das folhas do grão, o que resulta em uma terrível desfolha.

Na sequência, confira informações sobre os tipos de lagartas da soja mais relevantes, de acordo com “Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja”, da Embrapa.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

A lagarta-da-soja é uma espécie bastante comum. É pequena, possui coloração totalmente verde e quatro pares de pernas no abdômen. 

Ao atingir 15 mm, pode apresentar coloração verde ou preta, com três linhas longitudinais brancas no dorso, quatro pares de pernas abdominais e mais um par terminal. Já na fase adulta, a mariposa pode ter coloração variável: do marrom-escuro ao cinza-claro.

O animal inicia o ataque perfurando as folhas e alimenta-se de quase tudo, deixando nervuras centrais e laterais.

Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

A falsa-medideira é uma das principais lagartas da soja. Apresenta coloração verde-clara com linhas longitudinais brancas e pontos pretos. Na fase adulta, a mariposa se torna marrom com duas manchas prateadas no centro do primeiro par de asas. As pragas danificam o parênquima, sem tocar nas nervuras das folhas.

Complexo de Helicoverpa

Helicoverpa é o gênero de certo grupo de lagartas que também atacam a soja. Entre as espécies estão a Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea. Porém, de acordo com a literatura, a incidência maior nas lavouras de soja é da H. armigera. O controle pode ser feito de maneira química e biológica.

Lagarta helicoverpa (Helicoverpa armigera)

Possui coloração que varia de amarelo a verde, verde-escuro e preto. Na fase adulta, a mariposa apresenta asas anteriores com pontos e manchas, e as posteriores, mais claras com borda escura. A lagarta helicoverpa causa danos na parte aérea da soja.

Complexo Spodoptera

Outro gênero que prejudica a soja é a Spodoptera, que se caracteriza pelo ataque às vagens. Existem quatro espécies da lagarta que os sojicultores devem ficar de olho para identificar: S. frugiperda, S. eridania, S. cosmioides e S. albula. Veja detalhes!

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Quando se desenvolvem completamente, o tamanho atinge de 35 mm a 40 mm de comprimento. A cabeça é caracterizada pela figura de um Y invertido, o que facilita a identificação.

Apresenta pontos pretos em cada lado dos segmentos, como uma seta longa. Na última parte do abdômen, há pináculos distribuídos como vértice. A cor da lagarta pode ser pardo-escura, esverdeada ou preta.

Ela ataca folhas, hastes, vagens e grãos. Na fase inicial da cultura, também afeta a base do caule das plântulas. Quando adulta, a mariposa possui asas anteriores cinza-escuras e posteriores cinza-claras. O controle da espécie ocorre pelo tratamento de sementes e aplicação de inseticidas.

Lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania)

A espécie possui até 4 cm e coloração cinza. Na lateral, tem triângulos desenhados que apontam para a linha central. Comem as vagens e causam desfolha na soja, além de atacar algodão. Para esta lagarta da soja, o controle ideal é fazer uso de inseticidas específicos.

Lagarta-preta-da-soja (Spodoptera cosmioides)

A S. cosmioides é uma espécie com variação de cores, do amarelo ao preto, com listras amarelas ou ocres ao longo do corpo, e com o dorso mais claro. Há manchas triangulares maiores nas últimas partes dos segmentos abdominais do que nas primeiras partes.

Em seus últimos estágios, a cor se torna preta-brilhante com pontuações douradas ou brancas. Os ovos dessa lagarta são depositados em massa nas folhas.

Na fase adulta, as asas anteriores às mariposas machos têm tonalidade marrom-avermelhado com mancha branca e centro marrom-claro; ao passo que as posteriores, brancas com pontos cinzas. Já as fêmeas possuem as asas anteriores pardas, com riscos brancos, e as posteriores brancas.

A lagarta-preta-da-soja se alimenta de vagens e grãos, assim como de folhas. Para o controle da espécie, o ideal é utilizar produtos registrados para essa cultura.

Lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens)

A lagarta-das-maçãs possui tons que variam do verde-amarelado ao marrom-avermelhado, atingindo a cor preta antes da fase adulta. A listras são longitudinais com pontos pretos ao longo do corpo. Alimenta-se de vagens, folhas e brotos terminais.

As mariposas são esverdeadas, marcadas com três listras castanho-escuras, com lateral em tons claros. 

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

A lagarta-elasmo, também conhecida como broca-do-colo, ataca a soja na fase de plântulas, principalmente em períodos de seca. Para identificá-la, é importante notar que varia do azul ao verde, com faixas transversais marrons. 

As mariposas são cinza-amareladas, e mantém as asas juntas ao corpo enquanto estão em repouso.

Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)

A broca-das-axilas é uma lagarta muito pequena, que chega ao comprimento de 1 cm. Ao eclodir, é branca-amarelada com cabeça preta; durante o crescimento, o corpo fica bege, com a cabeça marrom.

Essas mariposas possuem asas cinzas com manchas claras. A espécie se caracteriza por penetrar no caule por meio das axilas dos brotos, causando, assim, o desenvolvimento irregular da planta. Em certas situações, leva à morte.

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Percevejos da soja

Os percevejos, ainda que sejam pragas sugadoras presentes também em outras culturas, correspondem a um dos grupos de insetos mais nocivos à soja e se apresentam em maior intensidade nas regiões quentes.

Atacam a vagem da soja, causando imperfeições no grão, além da perda de peso, o que compromete o rendimento. Confira detalhes de cada uma das principais espécies de percevejos!

Percevejo-marrom (Euschistus heros)

Os ovos do percevejo-marrom apresentam coloração bege, e o desenvolvimento passa por cinco estágios ninfais. Na fase adulta, possui coloração marrom-escuro, espinhos pontiagudos próximos à cabeça e uma mancha branca no dorso.

A espécie injeta toxinas, espalha fungos e retira a seiva da soja. Seu controle deve ser realizado com pulverização de produtos químicos. É o percevejo mais abundante na cultura da soja pelo Brasil, atacando principalmente vagens e grãos.

Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)

Os ovos são pretos. Ao eclodir, as ninfas são avermelhadas. Na fase adulta, possuem coloração verde-amarelada, com listra transversal marrom-avermelhada próximo à cabeça.

A praga pode diminuir o rendimento da lavoura ao injetar toxinas e instalar fungos que causam manchas nos grãos. A pulverização de defensivos também é o método de controle mais recomendado.

Percevejo-verde (Nezara viridula)

Os ovos da espécie são amarelos e depositados na face inferior das folhas. As ninfas apresentam coloração preta com manchas brancas e pontos pretos. Quando adultos, possuem coloração totalmente verde.

O percevejo-verde da soja dissemina toxinas levando à perda de produtividade e, para o controle, também é recomendada a utilização de defensivos químicos.

Percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e D. furcatus)

O percevejo-barriga-verde possui duas espécies, mas a D. melacanthus é a mais comum nas plantações brasileiras de soja. Os ovos são verde-claros e são depositados em folhas ou vagens.

As ninfas são castanhas com abdômen mais claro. Na fase adulta, tornam-se castanho-amareladas, com o abdômen verde. Por isso a denominação.

O percevejo-barriga-verde na soja se alimenta das vagens, prejudicando o rendimento e a qualidade da cultura. A praga também se alastra para lavouras de milho e trigo.

Percevejo-faixa-vermelha (Thyanta perditor)

O percevejo-faixa-vermelha é uma espécie que ataca a soja de forma esporádica, sendo mais comum em picão preto, trigo e sorgo.

De toda forma, como pode aparecer na lavoura, o sojicultor deve saber reconhecê-lo. As ninfas vão do preto ao ocre com manchas brancas. Já os adultos são verde-acinzentados com faixa vermelha perto da cabeça.

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A identificação de percevejos e lagartas de maneira assertiva facilita a realização de manejo correto para sua supressão. A eliminação pode ser feita com o uso de controle biológico, químico ou também de rotação de culturas. O processo reduz riscos à sua lavoura, proporcionando um excelente rendimento.

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