O monitoramento e controle da qualidade da soja é vital para que os grãos rendam ao máximo. Por isso, da escolha da cultivar ideal para sua região ao transporte do produto, é preciso minimizar todos os riscos possíveis, entre eles as chamadas pragas de armazenamento.
Mas existem maneiras de realizar o controle, da mesma forma como é feito o manejo durante o desenvolvimento das plantas.
Quer entender melhor sobre o assunto? Continue a leitura deste texto e conheça as pragas de armazenamento da soja para identificá-las, saiba como prevenir ataques e veja detalhes a respeito da aplicação dos métodos de controle!
Como evitar ataque de pragas de armazenamento?
A prevenção é sempre a melhor maneira de evitar o ataque, por isso o Manejo Integrado de Pragas de Grãos ou Sementes Armazenadas (MIP Grãos/MIP Sementes) precisa ser aplicado.
Entre as principais medidas dessa técnica estão a fumigação do ambiente de armazenamento, a manutenção de um espaço adequado para estocar os grãos (controle de temperatura e umidade), além de uma conscientização entre todos os envolvidos no processo de produção da soja.
Quais são as principais pragas de armazenamento da soja?
O ataque de pragas nos grãos ou sementes de soja armazenados deve ser prevenido e controlado. Um dos procedimentos mais comuns desse cuidado é a identificação de quais os insetos que estão destruindo os produtos. Na sequência, conheça os tipos, grupos principais, e mais detalhes das mais recorrentes pestes para ficar de olho!
Tipos de pragas
Existem basicamente dois tipos de pragas que atacam os grãos e as sementes de soja. As primárias buscam os cultivos mais sadios. Elas ainda se dividem em dois subgrupos:
- Interna: realiza a penetração no grão a fim de completar seu próprio desenvolvimento.
- Externa: começam destruindo toda a parte externa do grão, com objetivo de se alimentar do interior.
Além disso, existem as pragas secundárias. A diferença entre as duas é que, ao invés de ingerir os grãos saudáveis, essas buscam as sojas já danificadas (que as primárias já passaram).
Grupos de pragas
O armazenamento de grãos atrai basicamente dois grupos de pragas: besouros (da ordem Coleoptera) e traças (da ordem Lepidoptera), sendo algumas das espécies do primeiro mais comuns para a soja.
Entretanto, outros animais podem contribuir para a perda de qualidade dos grãos ou afetar o potencial de rendimento de uma semente devido à contaminação. São eles: pássaros e roedores.
Principais pragas de grãos armazenados de soja
Entre as diversas atividades a serem executadas por conta do MIP, está a identificação das pragas. Listamos, a seguir, detalhes e imagens dos principais insetos-praga que atacam os grãos ou sementes de soja armazenada, de acordo com a Embrapa.
Lasioderma serricorne
Por ter origem como praga de fumo armazenado, é conhecida por besourinho-do-fumo. Porém, nos últimos tempos, tem atacado com frequência os grãos e sementes da soja, sendo considerada a maior ameaça atualmente.
Segundo a Embrapa, essa praga está presente em todo o Brasil. O ciclo de vida dos adultos é de 20 dias, sem alimentação, pois quem faz a perfuração são as larvas. O ataque se limita ao estoque, já que não é capaz de devorar as plantas.
Em relação às características físicas da praga, a larva possui cor branca, é coberta por pelos finos e mede cerca de 4,5 mm. Já o besouro adulto tem uma estrutura oval castanho-avermelhada, com pelos mais claros e comprimento de 2 mm a 4 mm.
Uma pesquisa da Embrapa Soja, em laboratório, obteve mais de 800 insetos com 220 g de grãos de soja após 140 dias. O consumo foi maior que 39% e a conclusão foi de que o potencial de destruição é elevado.
O besourinho-do-fumo representa uma das maiores ameaças aos grãos de soja armazenados.
Oryzaephilus surinamensis
O Oryzaephilus surinamensis é outra espécie que ataca grãos. Ele acomete cereais, frutos secos e oleaginosas em geral, incluindo a soja, e infesta-se em variadas unidades de armazenamento.
Os besouros são vermelho-escuros, achatados e alongados, com comprimento de 1,7 mm a 3,3 mm. Os detalhes de identificação são as carenas longitudinais e seis dentes laterais. A praga é secundária, pois se alimenta de restos ou grãos quebrados. O ciclo de vida é de 450 dias, aproximadamente.
O Oryzaephilus surinamensis é um besouro que se propaga em armazéns com altas temperaturas.
Cryptolestes ferrugineus
O Cryptolestes ferrugineus é outro besouro encontrado no mundo todo, mas que se desenvolve bem no Brasil graças ao clima tropical. Onde tem produtos secos, como grãos e sementes, é provável que ele ataque.
Por ser uma praga secundária, ingere os restos ou partes quebradas de soja e causa aumento na temperatura da massa. Esse besouro também pode ser encontrado nas unidades de armazenamento de outros grãos, como milho, trigo, arroz, cevada e aveia.
O adulto tem um corpo achatado de 2,5 mm, além de antenas longas. Sua coloração, de acordo com a Embrapa, é marrom-avermelhada-pálida e seu ciclo de vida varia de 17 a 100 dias. Quanto mais quente, mais se reproduz e, ainda, tolera a maioria dos inseticidas.
O controle do calor nas unidades de armazenamento combate espécies como o Cryptolestes ferrugineus.
Como controlar as pragas de armazenamento?
Como já foi explicado, a maneira mais eficaz de controle de pragas de grãos armazenados é a prevenção e, por isso, o MIP torna-se tão crucial na rotina de uma fazenda. Confira mais detalhes dos cuidados nos armazéns e estocagem dos insumos, além de dicas de manejo de pragas, caso apareçam.
Manejo Integrado de Pragas de Grãos de Armazenados
O MIP Grãos prevê uma série de medidas para o monitoramento e controle das pragas dentro das unidades de armazenamento dos grãos e sementes. Veja a lista das principais:
- Conhecimento em detalhes dos armazéns, com anotações e detalhes sobre o local.
- Identificação das espécies e conhecimento sobre os possíveis danos.
- Limpeza e higienização da unidade de armazenamento.
- Associação de práticas preventivas e curativas.
- Aprendizado sobre eficiência e possível resistência das pragas em relação aos defensivos agrícolas.
- Análise econômica dos custos.
- Adoção de sistema de monitoramento.
A adoção e execução do MIP resulta em diversas consequências, como o conhecimento profundo dos armazéns, do momento da chegada à saída dos grãos, onde eles ficam, qual o caminho percorrem e, até mesmo, sobre o histórico, ou seja, se já teve caso de pragas: quais e quando? Vale registrar, também, qual o método de combate utilizado.
Além disso, o MIP promove maior cuidado com a higiene do local, identificação dos insetos e proporciona uma checagem periódica e regular da temperatura, umidade e massa de grãos. O monitoramento pode ser feito de três formas:
- Tradicional: coleta de amostras e passagem por peneira com coletor.
- Armadilhas de plástico: tubos introduzidos no interior da massa.
- Armadilhas adesivas: útil para espécies que atacam a superfície da massa e permite a previsão de ataque.
Essa inspeção constante precisa ter registros de movimentação para que a tomada de decisão seja baseada em dados para maior assertividade. Isso garante a qualidade dos grãos e máximo rendimento a cada safra.
O tratamento preventivo é a escolha certa para quem produz grãos de alta qualidade.
Técnicas de controles complementares
Apesar de todo monitoramento previsto pelo MIP, é possível que ocorra o ataque pelos insetos e é preciso estar preparado para lidar com a situação. Uma das técnicas de controle é o método químico, que pode ser preventivo ou curativo, os métodos físicos e os métodos legislativos.
Métodos químicos
A prevenção química se dá pela aplicação de defensivos líquidos nos grãos quando eles estiverem na correia da transportadora e ao adentrar na unidade de armazenamento. Contudo, ao realizar a pulverização, é importante que os grãos estejam frios.
Além disso, vale citar que a instalação da esteira deve ser adequada para promover a homogeneização completa entre os grãos. O produto desloca-se por uma passarela, com a barra de pulverização acima. Os tombadores auxiliam o caminho do inseticida por toda extensão.
Já o tratamento curativo também é conhecido como expurgo. Com ele, a eliminação das pragas ocorre a partir da inserção de defensivos agrícolas em gás nas massas de grãos bem vedadas, seguindo as normas de segurança do produto.
Métodos físicos
Quanto aos tratamentos físicos para controlar as pragas de grãos armazenados, eles baseiam-se no monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar. Pode-se aumentar ou diminuir, dependendo do caso e da atuação das pragas. Além disso, controla-se gás carbônico, oxigênio e nitrogênio.
Recomenda-se o uso de pós inertes na dessecação, a remoção físicas dos insetos e a aplicação de inseticidas naturais à base de terra de diatomáceas, produto em pó de viés ecológico voltado para insetos. O tratamento com luz, som e radiação também podem ser utilizados, porém, em situações específicas e restritas de armazenagem.
Métodos legislativos
Os métodos legislativos são os tratamentos feitos com base em leis, decretos e portarias que obrigam tais medidas. Entre elas estão a quarentena, em que é impossibilitado o transporte de grãos em lotes infectados com pragas, e a sanidade, que consiste na higienização para diminuir ou eliminar os insetos.
Independentemente da situação, é fundamental que o sojicultor utilize métodos preventivos para controlar as pragas de armazenamento. Grãos e sementes afetadas impactam diretamente no rendimento final da safra, o que representa perdas na qualidade do produto e nas receitas da lavoura de soja.
A gestão da propriedade rural requer o cuidado em todos os mínimos detalhes, seja qual for a etapa que de cultivo da soja, do preparo da terra à pós-colheita. Quer saber como resolver o problema das pragas e aprimorar os cuidados com a sua plantação? Então, clique na imagem abaixo e baixe nosso guia agora mesmo!