O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que o Brasil produzirá 169 milhões de toneladas de soja durante a safra 2024/25, consolidando o país como líder mundial na produção. Essa projeção indica uma produção recorde.
Quanto maior a produção, maiores são os desafios enfrentados. Os grandes produtores enfrentam desafios maiores, como o controle de pragas e doenças, devido ao alto volume de soja por hectare. Ainda no contexto de planejamento, vamos compreender por que o vazio sanitário é fundamental para assegurar a produtividade e a qualidade das safras.
Trata-se de um período de 90 dias em que os agricultores devem seguir sem o cultivo de soja, de acordo com a portaria criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O vazio sanitário é importante para controlar pragas e gerar vários benefícios ao produtor. Explicaremos melhor abaixo!
Veja também: Qual é o solo ideal para soja?
O que é o vazio sanitário?
Esse é o nome dado ao ciclo contínuo de até 90 dias onde é proibido realizar qualquer tipo de plantio ou a manutenção de plantas vivas. É um período obrigatório de até 90 dias, determinado por lei desde 2006 e sujeito a revisões frequentes, com a mais recente ocorrendo em 2025.
Inclusive, sobre este controle fitossanitário, recomendamos que os agricultores consultem, frequentemente, o site do Mapa para acompanhar atualizações nas portarias sobre vazio sanitário, medida que tem como objetivo a redução de pragas agrícolas. Como as normas mudam, este cuidado é essencial para evitar possíveis punições.
Entre as mudanças recentes, destacam-se a ampliação da obrigatoriedade do vazio sanitário de 14 para 20 estados e a extensão do período de 60 para 90 dias. Além disso, todos os anos, novos calendários são estabelecidos em cada região, com informações sobre o plantio da soja.
O vazio sanitário é aplicado a partir de um calendário divulgado por órgãos responsáveis como o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com datas diferentes para produções em cada estado brasileiro. Aos produtores, há a implicação de estar atento a essas divulgações.
Aliado a isso, os estados com maior produção têm seus plantios divididos por microrregiões para espaçá-los adequadamente, equilibrando o controle fitossanitário e a demanda comercial.
O espaçamento por microrregiões
A principal vantagem do espaçamento do vazio sanitário por microrregiões é evitar períodos em que não haja produção no país. Se todos os estados seguissem o mesmo calendário, o consumo interno e a exportação do produto seriam prejudicados.
Em 2024, por exemplo, o estado de São Paulo aplicou o vazio sanitário de 1º de junho a 31 de agosto, enquanto o Rio de Janeiro o estabeleceu de 15 de junho a 28 de setembro. Estados com maior produção, como Santa Catarina, adotaram períodos divididos para otimizar o controle
Considerando danos entre 10% e 90% de pragas, como a Ferrugem Asiática (segundo dados publicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária em 2024) e a eficácia do vazio sanitário para combatê-las, como vamos explorar durante o tópico posterior, é fácil compreender a medida.
Quais são os benefícios do vazio sanitário para a plantação?
Eles são variados e complementares, mas podemos separá-los em 5 categorias: o controle de pragas e doenças, a diminuição do uso de defensivos, a recuperação do solo, a prevenção de perdas nos plantios e a redução de custos de produção.
1. Controle de pragas e doenças
O controle de pragas e doenças é, possivelmente, a principal motivação por trás do vazio sanitário. Isso acontece porque boa parte dos insetos e fungos que atacam a soja tem ciclos de vida muito específicos, os quais coincidem com os períodos de plantio e dificultam o seu combate eficaz.
Quando o plantio passa por essas pausas, o controle das pragas é facilitado, pois se garante que elas sejam combatidas sem interações e prejuízos para as plantações. Esse não é o único método de combate aos insetos e fungos na soja, é claro, mas é um dos mais úteis.
Os mecanismos por trás do vazio sanitário no controle de pragas
O ciclo de vida de pragas, como a Ferrugem Asiática e os percevejos, depende da produção agrícola, produtos dos quais elas se alimentam. Com a ausência de novos plantios, os hospedeiros desaparecem, reduzindo significativamente a população de pragas.
Com a redução das populações de pragas que atacam a plantação de soja, o controle químico é facilitado, já que existe menos daquilo que é nocivo. Isso também impacta os custos associados, já que é necessária uma quantidade menor de produtos de controle.
2. Diminuição do uso de defensivos agrícolas
Esses produtos cumprem um papel fundamental no controle de pragas e, como consequência, na saúde das plantações de soja. O seu uso, porém, não está isento de impactos negativos, o que significa que o mais interessante é ponderar momentos para a sua utilização.
Com o aspecto de controle de pragas mencionado anteriormente, é possível reduzir o quanto (e com qual frequência) se utiliza os defensivos. Aliado a isso, vale mencionar a economia possível com essa redução, algo que vai ganhar mais destaque em um dos itens posteriores.
3. Recuperação do solo do plantio
É amplamente conhecido que a monocultura tem impactos negativos ao solo do plantio. O importante, a partir dessa percepção, é trabalhar em prol da redução dos danos, permitindo não apenas que as plantações de soja prosperem, como também que o solo seja preservado.
Essa é possivelmente a principal razão pela qual o vazio sanitário é uma lei coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em tempos onde discutimos tanto sobre preservação do meio ambiente, os cuidados com o solo são um benefício vital.
Os impactos negativos da monocultura
Ainda sobre a recuperação do solo, vale a pena dedicar um espaço para explorar os impactos negativos da monocultura, como é o caso do esgotamento de nutrientes e da compactação. Também pode ocorrer a perda da biodiversidade do espaço, contaminação de recursos hídricos, alterações climáticas e dependência de agentes químicos.
A compactação é o aumento da densidade do solo, o que dificulta o plantio. Ela é causada, entre outras coisas, por plantios constantes, o que significa que a aplicação do vazio sanitário dá tempo para que o solo se recupere e o processo de compactação não ocorra.
O esgotamento de nutrientes passa por um processo similar: quando os plantios são constantes, nutrientes importantes como o fósforo, zinco, manganês, ferro, potássio e nitrogênio são recuperados a partir da reposição natural de um solo que rotaciona suas produções.
4. Prevenção de perdas
As principais causas de perdas no cultivo de soja por hectare incluem pragas, problemas relacionados ao solo e o uso excessivo de defensivos agrícolas.
Quando o vazio sanitário é aplicado e tais problemas são mitigados, o resultado é um plantio mais bem-sucedido e a diminuição das perdas. Ainda é importante se preocupar com a maior causa, que é o armazenamento inadequado, mas boa parte das ameaças já não existirá mais.
5. Redução dos custos de produção
Por fim, um dos maiores motivadores para os grandes produtores é a redução dos custos de produção! Ao contrário do que se imagina, o período entre as safras não é negativo para os lucros, levando em conta os impactos da monocultura.
Os meses em que o vazio sanitário é aplicado servem para propiciar safras melhores quando o ciclo recomeça, considerando tudo o que falamos até aqui. Com uma produção de maior qualidade, o resultado natural é uma produtividade elevada e maiores lucros com as vendas.
Como a prática do vazio sanitário afeta as métricas de produtividade?
O vazio sanitário impacta diretamente métricas importantes de produtividade, dentre as quais podemos destacar:
- custos de controle químico e redução das pragas;
- taxas de infestação;
- o quanto da produção as infestações atacam;
- a qualidade e peso de cada grão produzido.
Quando se gasta mais para controlar pragas ou elas atacam um percentual maior da plantação de soja, as consequências são: maiores gastos (no primeiro exemplo) e lucros menores (no segundo exemplo). O vazio sanitário contribui para a inversão de ambos.
Mais do que uma lei que regulamenta os plantios brasileiros, o vazio sanitário é uma boa oportunidade para o grande produtor realizar a análise do solo, fazer o controle fitossanitário e garantir as boas safras do futuro. De nada adianta um resultado positivo no momento se houver prejuízos maiores no futuro.
E uma safra com máximo rendimento exige uma preparação cuidadosa e escolhas certeiras. A adoção de práticas como o vazio sanitário para reduzir pragas agrícolas, aliada ao uso de cultivares resistentes da Brasmax, contribui para colheitas mais produtivas e econômicas.
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