Mesmo sendo um setor crucial para a economia brasileira, a agricultura sofre diversos impactos com as mudanças climáticas. A imprevisibilidade do clima faz com que os agricultores enfrentem desafios sem precedentes, desde secas prolongadas até tempestades severas.
Nesse contexto, a adoção de estratégias preventivas para lidar com esses efeitos tornam-se essenciais, e uma das principais questões que permeiam a cabeça do produtor rural atualmente é: como será o inverno no Brasilem 2024?
Durante essa época do ano, podem ocorrer o plantio de culturas de inverno, a manutenção e o cuidado com os animais, bem como a preparação para a próxima safra, principalmente para os produtores de soja.
Portanto, continue a leitura para saber quais as tendências para o inverno de 2024, como as mudanças impactam nas atividades agrícolas, além de estratégias para planejar a safra no período!
Para o inverno de 2024, está previsto o enfraquecimento do El Niño e a chegada da La Niña. O meteorologista David Moura, do canal Tempo e Clima Brasil, explica que prognósticos anteriores mostravam que o fenômeno ocorreria na primavera, mas os atuais demarcam o acontecimento entre os meses de junho e agosto.
E o que isso significa? Na prática, vai ser possível observar um frio não tão rigoroso, porém com momentos mais intensos e com possibilidade de formação de geadas. De acordo com o Climatempo, deve haver maior volume de chuvas no Norte e no Nordeste, enquanto o Centro-Sul pode passar por período de estiagem e déficit de água no solo.
De acordo com Moura, com o fenômeno instaurado no inverno, o clima em 2024 tende a ser favorável para temperaturas mais amenas no Centro-Sul. Confira a análise completa:
Vale ressaltar que o outono de 2024 tende a ser uma estação mais neutra, com a queda do El Niño e a ascensão da La Niña. O resultado serão temperaturas mais amenas e chuvas regulares no Sul, com período de estiagem no Centro-Oeste.
Os dados das previsões se baseiam em relatório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.
É fundamental que os agricultores compreendam mais detalhes sobre cada um dos fenômenos climáticos, entendendo o que eles podem causar nas lavouras. Vamos explorar mais detalhes na sequência.
La Niña
La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Para a agricultura, ela pode influenciar as condições climáticas, levando a variações na distribuição de chuvas, temperaturas e padrões de vento.
As mudanças podem afetar diferentes áreas do mundo e ter consequências na produtividade das safras. Confira os efeitos, especificamente, em cada região do Brasil:
Região Sul: temperaturas mais frias e estiagem.
Região Sudeste: queda de temperatura moderada, com mudanças nas chuvas e ocorrência de seca apenas quando o fenômeno estiver muito intenso.
Região Centro-Oeste: os efeitos são mais amenos, tendendo para estiagem.
Região Norte e Nordente: excesso de chuva.
El Niño
O El Niño é um fenômeno climático causado pelo aquecimento anormal (0,5°C ou mais) das águas do Oceano Pacífico Equatorial, manifestando-se em intervalos de dois a sete anos. Tem duração média de 12 meses e exerce influência direta no aumento da temperatura global.
O fenômeno altera os padrões de chuva, temperatura e umidade. Devido ao aumento do calor do oceano, ocorre um deslocamento das chuvas para outras regiões.
Essa mudança no padrão de chuva pode causar secas no Norte e no Nordeste do Brasil, afetando a produção agrícola. No Sul, a tendência é o aumento de chuvas e tempestades intensas, que também podem danificar as plantações. Já no Cerrado, não há tanta mudança de temperatura, mas existem chances de maior quantidade de precipitação durante o fenômeno.
O El Niño causa impactos negativos na agricultura, entre os quais:
Interferência na polinização e no crescimento das culturas.
Isso pode levar a perdas econômicas e à diminuição da disponibilidade de alimentos. Foi o que ocorreu entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024 no Brasil.
O que ocorreu nas últimas estações?
Para promover o sucesso das ações no campo, é essencial acompanhar de perto as particularidades climáticas e, principalmente, entender como as últimas estações se comportaram.
Inverno de 2021
O inverno de 2021 influenciou de formas diferentes as regiões brasileiras. No Sul, as temperaturas foram mais baixas do que a média histórica, o que resultou em geadas intensas que afetaram negativamente algumas lavouras.
Já nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o inverno de 2021 foi mais ameno, com temperaturas próximas à média histórica. Essas áreas tiveram chuvas bem distribuídas, o que foi favorável para o desenvolvimento das culturas de inverno, como o trigo e o milho safrinha.
Invernos de 2022 e 2023
Os dois últimos invernos no Brasil foram marcados por um clima mais imprevisível. Mudanças bruscas na temperatura e no regime de chuvas foram observados em diversas regiões, o que gerou desafios adicionais para os produtores.
Em 2022, ocorreram períodos prolongados de seca em partes do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, afetando diretamente a produção de pastagens e forragens para alimentação animal. Em contrapartida, algumas áreas do Sul e do Norte tiveram chuvas acima da média, o que causou erosão e encharcamento dos solos.
Já no inverno de 2023, as chuvas se mostraram mais regulares em grande parte do país, o que impactou positivamente as atividades agrícolas. As culturas de inverno puderam se desenvolver de forma satisfatória, resultando em boas perspectivas para a próxima safra.
O inverno de 2023 apresentou chuvas mais regulares que em 2022.
Verão de 2023
Já os verões passados no Brasil foram marcados por condições climáticas desafiadoras que impactaram a agricultura em todo o país. As altas temperaturas afetaram as colheitas e a produtividade agrícola.
Durante o ano de 2023, o Brasil enfrentou um clima instável com eventos climáticos extremos que resultaram em perdas significativas no setor agrícola. De Norte a Sul, o país passou por chuvas intensas e secas. Inclusive, agricultores da região Centro-Oeste tiveram que replantar áreas de soja, em novembro, por conta da estiagem.
O verão 2023/2024 foi marcado pela presença do fenômeno El Niño e seus efeitos mais clássicos: temperaturas acima da média em todo o Brasil, maior volume de chuvas no Sul e seca no Norte e no Nordeste.
A região Amazônica sofreu com a estiagem; os Estados do Sul tiveram altíssimos volumes de chuva; enquanto o Nordeste apresentou baixo índice pluviométrico por vários meses.
Como o inverno afeta a agricultura?
O inverno pode afetar a agricultura de diferentes maneiras, dependendo das condições climáticas específicas de cada região. Vamos explorar alguns dos principais responsáveis pelos impactos!
Geadas
Durante o inverno, a ocorrência de geadas pode danificar as plantas, especialmente as culturas sensíveis ao frio, congelando folhas, flores e frutos, resultando em perdas na produção agrícola.
As frentes frias podem levar à ocorrência de geadas, nocivas à agricultura no inverno.
Baixa atividade biológica do solo
O inverno geralmente traz temperaturas mais baixas, o que pode reduzir a atividade dos microrganismos do solo, afetando a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Além disso, a umidade elevada do terreno pode dificultar o preparo e o plantio das culturas.
Dias mais curtos
No inverno, os dias são mais curtos e há menos horas de luz solar disponíveis. Isso pode impactar o crescimento e o desenvolvimento das plantas, especialmente aquelas que necessitam de uma quantidade mínima diária para ativar processos como a fotossíntese.
Estratégias de planejamento de safra
Existem técnicas e práticas agrícolas que podem ser utilizadas para minimizar os efeitos negativos do inverno na agricultura. Confira as estratégias para se preparar na estação!
Técnicas de irrigação sustentável
O uso de métodos de irrigação eficientes, como irrigação por gotejamento e microaspersão, colabora para reduzir o consumo de água e minimizar o desperdício.
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O MIP envolve o uso de uma combinação de técnicas, como controle biológico, rotação de culturas e outras ações, para controlar as pragas de forma sustentável. Isso reduz a dependência de defensivos químicos e minimiza seus impactos negativos no meio ambiente.
Práticas de conservação do solo
A implementação de técnicas de conservação do solo, como cultivo de cobertura, pode ajudar a prevenir a erosão do solo, melhorar sua estrutura e preservar a fertilidade.
Rotação de culturas
O plantio de culturas diferentes, em rotação, ajuda a prevenir a propagação de pragas e doenças, reduz a necessidade de produtos químicos sintéticos e melhora a saúde do solo, aumentando a disponibilidade de ciclo de nutrientes.
Agrofloresta
A intercalação de culturas agrícolas com árvores ou a incorporação de faixas de árvores e quebra-ventos pode proporcionar benefícios, como melhoria da qualidade do solo, redução da erosão e aumento da biodiversidade.
Como o clima favorece a agricultura?
O clima desempenha papel fundamental na agricultura, pois pode favorecer ou limitar o crescimento e desenvolvimento das plantas. As condições favoráveis resultam em melhores colheitas e incremento da produtividade agrícola.
A temperatura ideal permite que as plantas realizem processos metabólicos importantes, como a fotossíntese, a transpiração e a absorção de nutrientes. Além disso, influencia o tempo de crescimento e de desenvolvimento das culturas, afetando o período de plantio e colheita.
Já a precipitação é fundamental para fornecer água às plantas. A quantidade e a distribuição adequadas de chuva ajudam no suprimento regular, favorecendo o crescimento e a produção. Além disso, favorece a dissolução e o transporte de nutrientes do solo, fornecendo elementos necessários para seu desenvolvimento adequado.
Chuvas são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das plantas.
Outros fatores climáticos, como a intensidade e a duração da luz solar, a umidade do ar e a velocidade do vento, são essenciais no processo de desenvolvimento das plantas.
Entender como será o inverno no Brasilem 2024 é importante, mas executar estratégias para mitigar ações climáticas e planejar o período corretamente torna-se ainda mais essencial, ainda mais numa estação que tende a ser mais fria e seca com a ocorrência da La Niña.
O período do meio do ano é relevante aos agricultores já que engloba a época de vazio sanitário das lavouras de soja, com objetivo de evitar a propagação da ferrugem asiática. Essa é uma das ações importantes para obter o máximo rendimento na safra.
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